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Estrutura Familiar e Mobilidade Social - Estudo do

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ção ocidental, justamente porque a ideologia ocidental tenta<br />

confundir o biológico e o social, toman<strong>do</strong> a descendência<br />

como critério definitivo (4) . O sistema familial chinês, apesar<br />

de ter servi<strong>do</strong> de modelo para o japonês, dele se distingue<br />

radicalmente quanto ao significa<strong>do</strong> da patrilinearidade e da<br />

consangüinidade. "Também na China, a continuidade da família<br />

através da descendência patrilinear é imperativa. Mas<br />

a ênfase entre os chineses não está tanto na perpetuação da<br />

família como uma unidade corporativa quanto na perpetuação<br />

na linha de sangue patrilinear... como afirma Levy; existe<br />

na China uma aversão à mudança de sobrenome, que interfere<br />

com a a<strong>do</strong>ção de um não parente ou, por isso mesmo,<br />

de qualquer pessoa que não seja um parente <strong>do</strong> la<strong>do</strong> paterno"<br />

(Befu, 1962, p. 38). A unilinearidade <strong>do</strong> parentesco japonês é<br />

muito mais flexível, porque pode ser estendida além da<br />

consangüinidade pela participação no culto ao nome e aos<br />

ancestrais da família. Também este culto nunca alcançou a<br />

mesma importância e extensão que para os chineses, uma vez<br />

que, no Japão, as genealogias foram de início apanágio das<br />

classes privilegiadas e só bem tarde se generalizou para to<strong>do</strong><br />

o povo. Além <strong>do</strong> mais, nos altares familiares eram reverencia<strong>do</strong>s<br />

apenas os mortos ainda presentes na memória. Recebem<br />

oferendas os mortos conheci<strong>do</strong>s e lembra<strong>do</strong>s pelo grupo e vão<br />

desaparecen<strong>do</strong> da lembrança e <strong>do</strong> culto quan<strong>do</strong> substituí<strong>do</strong>s<br />

por outros mais recentemente desapareci<strong>do</strong>s.<br />

Não se trata pois <strong>do</strong> culto de uma linhagem, mas de cerimônias<br />

que permitem ao grupo uma auto-identificação. Os<br />

antepassa<strong>do</strong>s não precisam ser muito numerosos nem muito<br />

antigos para representar o passa<strong>do</strong> da família e sua permanência<br />

acima <strong>do</strong>s indivíduos. Pertencer a este grupo é fazer<br />

parte de sua continuidade pela aceitação de um nome que<br />

deve ser honra<strong>do</strong>.<br />

(4) Em uma investigação sobre Fotonovelas, realizada por Arthur Eid, as principais<br />

conclusões indicam justamente esta sobreposição da ordem social sobre<br />

a natural de tal mo<strong>do</strong> que a primeira é pensada como reflexo da segunda.<br />

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