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Memórias de Padre Germano

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tudo isso. O culpado não po<strong>de</strong> sorrir enquanto não houver<br />

sofrido um por um os tormentos que fez pa<strong>de</strong>cer. O criminoso<br />

não tem direito a ser feliz. E, como na criação tudo é lógico,<br />

assusta-me o porvir dos verda<strong>de</strong>iros criminosos.<br />

Há muitos infelizes que a justiça humana castiga que são,<br />

no fundo, mais ignorantes que culpados, e estes, perante<br />

Deus, não são responsáveis. Porque o pecado principal<br />

consiste em conhecer o mal que se faz, e Rodolfo,<br />

infelizmente, conhece; sabe bem que abusa <strong>de</strong> seu po<strong>de</strong>r, e ai<br />

dos abusadores! Senhor, tem misericórdia <strong>de</strong>le e <strong>de</strong> mim! Eu<br />

compreendo que o sol <strong>de</strong> minha vida chega ao ocaso. Eu sei<br />

que minhas forças físicas estão se acabando. Eu sinto que<br />

minhas idéias se atormentam. E, quando estou entre os<br />

mortos, custa-me sair do cemitério. A terra já reclama meu<br />

corpo abatido. Minha cabeça se inclina, meus passos<br />

hesitantes atestam que estou chegando ao fim <strong>de</strong> minha<br />

penosa jornada. E não gostaria <strong>de</strong><br />

morrer sem ter assegurado que Rodolfo chorará seus crimes<br />

e consagrará o resto dos seus dias à prática <strong>de</strong> obras <strong>de</strong><br />

misericórdia. Eu sei que é muito culpado, Senhor, mas para ti<br />

nunca é tar<strong>de</strong>. Eu te imploro por ele, por esse filho <strong>de</strong> minha<br />

alma, pois uma voz secreta me afirma que esse <strong>de</strong>serdado da<br />

Terra um dia levou meu nome.<br />

Dá-me inspiração, Senhor, ilumina-me em meus <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>iros<br />

dias com a eloqüência dos profetas, com a abnegação dos<br />

mártires, com a fé suprema dos re<strong>de</strong>ntores, pois todos os dons<br />

do céu me são necessários para salvar uma alma do abismo!<br />

É o que te peço, Senhor; esse é meu único <strong>de</strong>sejo: que<br />

Rodolfo venha ao meu lado. Que escute ao longe a gargalhada<br />

da pobre louca para que se horrorize, para que comece a<br />

sentir, para que aprenda a chorar. Quero ganhar horas,<br />

momentos seguidos; quero dar-lhe luz, porque ele está cego!<br />

Em ti confio, Senhor. Comecei a viver amando-te e quero<br />

morrer praticando o bem em teu nome. Não me abandones,<br />

Senhor! Deixa que eu termine minha vida cumprindo o <strong>de</strong>ver<br />

que me irnpus ao consagrar-me a ti.

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