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Memórias de Padre Germano

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Essa é tua obrigação, Madalena. Consagrar-te a tua família, é<br />

esse o melhor voto que po<strong>de</strong>s pronunciar.<br />

"On<strong>de</strong> está tua inteligência? On<strong>de</strong> está tua compreensão?<br />

Como julgas boa uma religião que or<strong>de</strong>na o esquecimento dos<br />

primeiros afetos da vida? Dizem a ti que teu pai é reformista e<br />

que a seu lado per<strong>de</strong>rás tua alma. E isso, quem sabe melhor<br />

que tu? Que conselhos te dá teu pai? Que sejas boa, honrada<br />

e laboriosa; que respeites a memória <strong>de</strong> tua mãe; que ames a<br />

teus irmãos; que, se amares, ames a um homem digno <strong>de</strong> ti,<br />

que possa te fazer sua esposa; que ames aos pobres; que<br />

sejas muito indul- gente para com os pecadores; que ao chegar<br />

a noite faças um exame <strong>de</strong> consciência e te confesses com<br />

Deus. Isso te diz teu pai. E isso po<strong>de</strong> servir para tua perdição,<br />

Madalena? Respon<strong>de</strong>-me em sã lógica."<br />

Em tudo tens razão, meu padre. Sim, acredita que temo a<br />

eles, porque quando vêm me <strong>de</strong>ixam louca. E como a duquesa<br />

<strong>de</strong> C. é minha protetora, é a mais empenhada em minha<br />

profissão, e ela me diz que não abandonará meu pai e, ainda<br />

mais, que fará felizes minhas irmãs se eu<br />

consentir em entrar no convento, porque vê que com meu<br />

pai e vós, e meu caráter um pouco in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, me per<strong>de</strong>rei<br />

no mundo, e que não haverá salvação para mim.<br />

Ninguém se per<strong>de</strong>, Madalena, quando não quer se per<strong>de</strong>r,<br />

e, além do mais, nem teu pai nem eu te aconselhamos mal. E<br />

se queres salvar a vida <strong>de</strong> teu pobre pai, é preciso que <strong>de</strong>sistas<br />

<strong>de</strong> entrar para o convento. Reflete bem e tem em conta que, no<br />

dia seguinte em que pronunciar teus votos, estarás arrependida<br />

e a sombra <strong>de</strong> teu pai te seguirá por todo lado. E quando te<br />

prostrares para orar, tropeçarás com seu corpo, e quando<br />

quiseres entregar-te ao sono, seu espírito te pedirá contas <strong>de</strong><br />

seu suicídio e, acredita em mim, Madalena, não <strong>de</strong>sates os<br />

laços que Deus formou. Per<strong>de</strong>r-te no mundo sendo tua posição<br />

tão digna <strong>de</strong> respeito e <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>ração! Que voto mais santo<br />

po<strong>de</strong>s pronunciar que prometer a Deus que servirás <strong>de</strong> mãe a<br />

teu pai doente e a teus irmãos pequenos? Que ocupação mais<br />

nobre po<strong>de</strong>s ter que sustentar os passos do ancião que te<br />

ensinou a rezar e a bendizer a Deus? Sê razoável, minha filha;<br />

cumpre a verda<strong>de</strong>ira lei <strong>de</strong> Deus e faz que teu pai, em sua

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