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Memórias de Padre Germano

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sábio muestro el arcano cuando al fin abre mi mano la puerta a<br />

la eternidad.<br />

(...) Cierre mi mano piadosa tus ojos al blanco sue no, y<br />

empape suave beleho tus lágrimas <strong>de</strong> dolor. Yo calmaré tu<br />

quebranto y tus dolientes gemidos,<br />

apagando los latidos <strong>de</strong> tu herido corazón."<br />

radre ükrmanu<br />

Eu havia sofrido tanto, havia vivido tão sozinho, que me<br />

horrorizava a idéia da velhice. Eu me <strong>de</strong>spedi com sentimento<br />

daquelas montanhas envolvidas no branco sudário das neves<br />

eternas e voltei para minha pátria quase moribundo. Meu<br />

primeiro pensamento foi visitar André e, ao vê-lo, ao receber<br />

suas inocentes carícias, senti ressuscitarem em minha alma os<br />

<strong>de</strong>sejos da vida. Senti vergonha <strong>de</strong> minha fraqueza e <strong>de</strong> meu<br />

egoísmo, e compreendi que havia sido injusto, porque nunca<br />

<strong>de</strong>vemos <strong>de</strong>sejar a morte quando na Terra há tantos órfãos a<br />

quem servir <strong>de</strong> pai.<br />

Pouco tempo <strong>de</strong>pois, eu me retirei a minha al<strong>de</strong>ia, on<strong>de</strong><br />

residi mais <strong>de</strong> quarenta anos. Já nos últimos meses <strong>de</strong> minha<br />

vida, estando certa tar<strong>de</strong> sentado à porta do cemitério, chegou<br />

um ancião coberto <strong>de</strong> farrapos e me pediu uma esmola para as<br />

crianças cujos pais estivessem presos. Suas palavras me<br />

chamaram a atenção, e tive que lhe perguntar por que pedia<br />

para os filhos dos presos.<br />

Senhor - disse ele -, é uma penitência que eu me impus. Em<br />

minha juventu<strong>de</strong>, estive em po<strong>de</strong>r dos penitentes negros,<br />

acusado <strong>de</strong> um crime que não havia cometido. Um homem,<br />

que era um santo, interessou-se por meus filhos e me <strong>de</strong>volveu<br />

ao carinho <strong>de</strong> minha família, atraindo sobre si a perseguição<br />

dos penitentes, que conseguiram seu exílio e talvez sua morte.<br />

A lembrança daquele homem nunca se apagou <strong>de</strong> minha<br />

memória, embora me culpe, porque, quando o <strong>de</strong>portaram,<br />

nada fiz em seu favor, pois tive medo <strong>de</strong> cair novamente nas<br />

garras daqueles tigres. E não só emu<strong>de</strong>ci, como também<br />

mu<strong>de</strong>i <strong>de</strong> residência, me expatriei. Os anos foram passando e<br />

meu remorso foi crescendo, a ponto <strong>de</strong> há mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos eu<br />

mesmo me haver imposto a penitência <strong>de</strong> pedir esmola para os

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