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Memórias de Padre Germano

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todas as dores, porque ao <strong>de</strong>ixar a Terra, quão lindo será seu<br />

<strong>de</strong>spertar!<br />

Seres queridos! Jovens que sonharam com um porvir <strong>de</strong><br />

amor! Almas apaixonadas que eu tanto amei! On<strong>de</strong> vocês<br />

estão? Por que <strong>de</strong>ixaram sua casinha branca? Por que<br />

abandonaram os pobres passarinhos que recebiam o pão <strong>de</strong><br />

suas mãos? Por que esqueceram o solitário ancião que a seu<br />

lado sentia o doce calor da vida? Por que foram embora?<br />

Ah! Partiram porque a guerra, essa hidra <strong>de</strong> cem cabeças,<br />

essa hiena furiosa, tinha se<strong>de</strong> <strong>de</strong> sangue e fome <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong>.<br />

E homens fortes que sustentavam o passo hesitante <strong>de</strong> seus<br />

velhos pais correram para afundar no túmulo o progresso do<br />

porvir, a esperança <strong>de</strong> muitas almas apaixonadas. Oh, a<br />

guerra, a guerra! Tirania <strong>de</strong>testável da ignorância, tu<br />

conquistas um palmo <strong>de</strong> terra com a morte <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong><br />

homens.<br />

Direitos <strong>de</strong> raça! Feudos <strong>de</strong> linhagem! Po<strong>de</strong>r da força! Vós<br />

<strong>de</strong>saparece- reis porque o progresso vos fará <strong>de</strong>saparecer! A<br />

Terra não terá fronteiras porque será uma só nação! Esse<br />

direito brutal, esse ódio ao estrangeiro terá que se extinguir.<br />

Que quer dizer estrangeiro? Não é homem? Não é filho <strong>de</strong><br />

Deus? Não é nosso irmão? Oh, leis e antagonismos terrenos!<br />

Oh, bíblico Caim! Quantos Cains <strong>de</strong>ixaste na humanida<strong>de</strong>!<br />

Senhor, perdoa- me se algumas vezes me faz feliz a idéia <strong>de</strong><br />

abandonar este fatal exílio. Perdoa-me se, quando meu corpo<br />

cansado cai <strong>de</strong>sfalecido, eu te pergunto com melancólica<br />

alegria: "Senhor, chegou minha hora?" Os homens <strong>de</strong>ste<br />

mundo, com suas ambições, com suas leis tirânicas, aterramme.<br />

A flor da felicida<strong>de</strong> não se abre na Terra e eu <strong>de</strong>sejo<br />

aspirar seu perfume inebriante. Eu <strong>de</strong>sejo uma família doce,<br />

amorosa, e neste planeta tenho meu lar em um cemitério.<br />

Lina! Gustavo! E tu, alma <strong>de</strong> minha alma, a menina pálida<br />

dos cachos negros! Espíritos queridos, não me abandonem!<br />

Deem-me alento, acompanhem-me no último terço <strong>de</strong> minha<br />

jornada. Nós, idosos, somos como as crianças, temos medo da<br />

solidão!

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