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Memórias de Padre Germano

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lhes darei todas as instruções que me sejam possíveis, eu lhes<br />

contarei os gozos inefáveis que as boas obras que fiz me<br />

proporcionaram, e os sofrimentos que me ocasionou <strong>de</strong>ixar-me<br />

dominar um instante por certa influência espiritual. Estejam<br />

sempre <strong>de</strong> sobreaviso; perguntem-se constantemente se o que<br />

hoje pensam está em harmonia com o que pensavam ontem. E<br />

se virem uma notável diferença, <strong>de</strong>vem estar em guarda e<br />

recordar que não estão sozinhos, que os invisíveis os cercam e<br />

estão expostos a suas espreitas. Eu, uma vez, fui fraco, e lhes<br />

asseguro que meu fatal <strong>de</strong>scuido me custou muitas horas <strong>de</strong><br />

tormento.<br />

Um ano antes <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar a Terra, estava uma manhã na<br />

igreja. Era início do outono e eu estava triste, muito triste. Meu<br />

corpo se inclinava para o<br />

túmulo, meu pensamento estava <strong>de</strong>caído, via aproximar-se<br />

a hora <strong>de</strong> minha morte, e como durante minha vida não havia<br />

feito mais que pa<strong>de</strong>cer, sendo vítima <strong>de</strong> constante<br />

contrarieda<strong>de</strong>, mesmo tendo certeza absoluta da vida eterna e<br />

da individualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> minha alma, como na Terra o horizonte<br />

que nossos olhos abarcam é tão limitado eu dizia com profundo<br />

pesar: "Morrerei sem ter vivido! Em tantos anos, só algumas<br />

horas pu<strong>de</strong> contemplar o rosto <strong>de</strong> uma mulher amada. Mas que<br />

contemplação dolorosa! Ela com as convulsões da morte! Meu<br />

amor querendo salvá-la e meu <strong>de</strong>ver dizendo: 'Leva-a, Senhor;<br />

afasta <strong>de</strong> mim essa tentação!' Eu que teria dado mil vidas pela<br />

<strong>de</strong>la, tive que me alegrar com seu falecimento. Que alegria<br />

amarga! Resta-me o infinito. Mas agora, agora não posso<br />

recordar nada que me faça sorrir!" E eu me sentia <strong>de</strong>sfalecer.<br />

Tenho observado que o espírito se prepara com tétricos<br />

pensamentos quando vai cometer uma má ação. E, da mesma<br />

maneira, quando vai fazer um ato meritório parece que tudo lhe<br />

sorri. Sentimo-nos contentes sem saber por que, e é por que<br />

almas benéficas nos cercam, atraídas por nossos bons<br />

pensamentos.<br />

Quando nos empenhamos em ver tudo negro, atraímos<br />

espíritos inferiores com a intemperança. E eu, naquela manhã,<br />

estava triste, muito triste. Estava farto <strong>de</strong> tudo e queria orar e<br />

não podia. Queria evocar alguma recordação agradável e só

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