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Memórias de Padre Germano

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entregar-se à nulida<strong>de</strong>; aqueles por serem dóceis instrumentos<br />

<strong>de</strong> bastardas ambições. Nenhum <strong>de</strong> vós vive livre e gozando<br />

<strong>de</strong>ssa liberda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ssa mansa calma propiciada por uma vida<br />

simples <strong>de</strong>ntro do estrito cumprimento do <strong>de</strong>ver.<br />

"Em tí tudo é violento. Dominas, mas dominas pela força. És<br />

dona <strong>de</strong> todos os segredos, mas <strong>de</strong> que maneira? Penetrando<br />

cautelosamente o lar doméstico, surpreen<strong>de</strong>ndo com vossas<br />

perguntas a menina crédula, a jovem confiante, a idosa frágil.<br />

Ah, eu sonho com outro sacerdócio. Eu serei sacerdote, sim,<br />

mas não perguntarei a ninguém seus segredos. Eu amo a<br />

Igreja que me esten<strong>de</strong>u seus braços e, por haver me educado,<br />

serei fiel a seu credo, por mais que seja absurdo em muitos<br />

conceitos, pelas adições e emendas que os homens lhe<br />

fizeram. Eu mostrarei que a religião é necessária à vida como o<br />

ar que respiramos, mas uma religião lógica, sem mistérios nem<br />

horríveis sacrifícios. Eu serei um dos enviados da religião nova,<br />

porque, não duvi<strong>de</strong>is, nossa igreja cairá; cairá sob o imenso<br />

pesar <strong>de</strong> seus vícios!<br />

"Ve<strong>de</strong>s essas criancinhas que agora dormem nos braços <strong>de</strong><br />

suas mães? Pois esses espíritos trazem em si o germe divino<br />

da liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> consciência. Eu serei sacerdote <strong>de</strong>ssa geração<br />

que agora começa a sorrir. Sim, nada quero <strong>de</strong> vossas<br />

pompas. Ficai com vossas mitras e vossas tiaras, vossos<br />

báculos <strong>de</strong> ouro, vossos capelos e vossos mantos púrpura. Eu<br />

pregarei o Evangelho entre os humil<strong>de</strong>s <strong>de</strong> coração. Prefiro<br />

sentar-me em uma pedra a ocupar a ca<strong>de</strong>ira que atribuís a São<br />

Pedro. E já que meu <strong>de</strong>stino me negou uma família, já que me<br />

filiei a uma escola que nega a seus a<strong>de</strong>ptos o prazer <strong>de</strong> se unir<br />

a outro ser pelo laço do matrimônio, já que, se hei <strong>de</strong> viver<br />

honrado, hei <strong>de</strong> viver sozinho, como quero ter minha<br />

consciência muito tranqüila, cercar-me-ei <strong>de</strong> crianças, porque<br />

as crianças são o sorriso do mundo. Eu sempre direi como<br />

disse Jesus: 'Vin<strong>de</strong> a mim as criancinhas, pois são as limpas<br />

<strong>de</strong> coração!"<br />

Ao pronunciar estas palavras, algumas crianças, que<br />

estavam nos braços <strong>de</strong> suas mães, levantaram-se e se<br />

voltaram para mim. Mas o que mais atraiu minha atenção foi<br />

uma menina <strong>de</strong> uns três anos que repousava nos braços <strong>de</strong><br />

uma dama da nobreza, que se levantou e me esten<strong>de</strong>u seus

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