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Memórias de Padre Germano

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ser freira. E pensei: o melhor é que eu a leve ao padre<br />

<strong>Germano</strong>, ele a convencerá e conseguirá com doçura o que eu<br />

não quero conseguir pela violência, porque ela disse que se<br />

mataria se eu tornasse a trancafiá-la, e como já outras sombras<br />

me perseguem, não quero que a alma <strong>de</strong> Angelina me persiga.<br />

Então, padre <strong>Germano</strong>, aqui lhe trago urna carta <strong>de</strong> doação <strong>de</strong><br />

meu castelo e al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> San Laurencio, a seu favor, pois é<br />

justo que eu pague tão importante serviço. Faça que Angelina<br />

professe, pois, se o senhor se empenhar, ela professará. É<br />

minha última esperança. Meu marido e meu irmão estão<br />

voltando da viagem à Terra Santa. Angelina me estorva e é<br />

preciso tirá-la <strong>de</strong> perto.<br />

E dizes que ela não quer a vida monástica?<br />

Não, não quer. Mas o que o senhor quer? A honra <strong>de</strong> meu<br />

nome exige um novo sacrifício. Aqui <strong>de</strong>ixo (e a pôs sobre a<br />

mesa) a carta <strong>de</strong> doação.<br />

Muito bem. A partir <strong>de</strong> hoje, Angelina fica comigo.<br />

Ah, sim! Eu partirei sem lhe dizer nada.<br />

É o melhor, e não voltes aqui enquanto que não te avisar.<br />

A con<strong>de</strong>ssa se levantou, dizendo: "Sois meu salvador!" e<br />

saiu precipitadamente <strong>de</strong> meu aposento. Foi-se bem a tempo,<br />

porque minha paciência e dissimulação já estavam acabando.<br />

Quanto sofro quando falo com malvados! E a con<strong>de</strong>ssa é<br />

uma mulher sem coração. Em sua história há gran<strong>de</strong>s crimes, e<br />

o último que quer cometer é enterrar em vida uma pobre<br />

menina que <strong>de</strong>seja viver e amar; que em seus olhos irradia o<br />

sentimento e em seu rosto se adivinha uma alma apaixonada.<br />

Quando entrei no jardim e ela me viu sem a con<strong>de</strong>ssa, com<br />

a rapi<strong>de</strong>z do raio compreen<strong>de</strong>u o que havia ocorrido e,<br />

segurando minhas mãos, disse em tom suplicante:<br />

<strong>Padre</strong>, <strong>Padre</strong>, o senhor tem cara <strong>de</strong> bom! É verda<strong>de</strong> que<br />

não me obrigará a professar? Tem pieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> mim! Sou tão<br />

jovem ainda para morrer! - E Angelina caiu em prantos com tão<br />

profundo <strong>de</strong>sconsolo que me inspirou uma vivida compaixão.<br />

Rapidamente a tranqüilizei o quanto pu<strong>de</strong>, mas a<br />

<strong>de</strong>sventurada me olhava com certo receio. Então senti correr

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