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Memórias de Padre Germano

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muitas vezes a seus ouvidos. Sou o grão-duque Constantino<br />

<strong>de</strong> Hus.<br />

Efetivamente, ele me era bastante conhecido por seu fatal<br />

renome e, por um instante, senti medo, senti horror, senti um<br />

espanto inconcebível. Mas foi uma coisa instantânea, porque<br />

um <strong>de</strong>sejo muito veemente <strong>de</strong> saber a história daquele homem<br />

se apo<strong>de</strong>rou <strong>de</strong> minha alma. Ele era para mim um náufrago<br />

perdido no oceano irado das paixões e do fundo do mar dos<br />

vícios eu me propus tirá-lo a todo custo. Então, senti-me forte,<br />

animado, disposto a transformar o mundo inteiro. Aproximei-me<br />

mais <strong>de</strong>le, peguei uma <strong>de</strong> suas mãos, olhei fixamente para ele<br />

e disse:<br />

Fala! Eu te conheço e me compa<strong>de</strong>ço <strong>de</strong> ti há muito tempo.<br />

O senhor se compa<strong>de</strong>ce <strong>de</strong> mim? - exclamou com espanto.<br />

Sim, eu me compa<strong>de</strong>cia. Como não haveria <strong>de</strong> me<br />

compa<strong>de</strong>cer, se és mais pobre que o último mendigo da<br />

criação?<br />

Pobre, eu! - respon<strong>de</strong>u com ironia. - Sem dúvida, ignora que<br />

em meus domínios o sol nunca se põe.<br />

O sol não tem que se escon<strong>de</strong>r no lugar on<strong>de</strong> nunca brilhou.<br />

Mas começa teu relato.<br />

O grão-duque olhou para mim e começou, dizendo:<br />

Não conheci meu pai, morreu em uma ação antes <strong>de</strong> eu<br />

nascer e, quando se celebravam seus funerais, minha mãe me<br />

<strong>de</strong>u à luz. Segundo contam, colocaram-me sobre o túmulo <strong>de</strong><br />

meu pai e meus súditos<br />

me aclamaram como o único chefe <strong>de</strong> minha ilustre família.<br />

Não restava mais <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte homem além <strong>de</strong> mim, pois<br />

todos haviam perecido na guerra. Minha mãe era uma santa<br />

mulher, agora sei, e recordo que muitas vezes me dizia:<br />

"Quisera, ao morrer, levar-te comigo, e que teu nome se<br />

per<strong>de</strong>sse nas sombras do sepulcro"<br />

Nota-se que tua pobre mãe via muito claramente teu fatal<br />

porvir. Prossegui.

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