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Memórias de Padre Germano

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pobre filho foi se acalmando pouco a pouco e por fim disse com<br />

voz apagada:<br />

Não me abandone! Sou muito <strong>de</strong>sventurado!<br />

Como hei <strong>de</strong> te abandonar? - disse eu - Sabes bem que te<br />

amo com toda minha alma. Eu te disse muitas vezes que, se<br />

pu<strong>de</strong>sse ir à glória, não entraria nela enquanto tu não pu<strong>de</strong>sses<br />

vir comigo! Mesmo que ali me esperasse a menina pálida, a<br />

dos cachos negros! Porque, se ela é meu amor, tu és meu<br />

<strong>de</strong>ver. Escuta, Rodolfo, escuta; ouve bem o que vou te dizer,<br />

olha para mim fixamente e grava em tua memória minha<br />

imagem. Tu me vês?<br />

Nesses momentos, tenho certeza <strong>de</strong> que um fogo estranho<br />

brilha em meus olhos, porque sinto meu sangue ferver em<br />

minhas veias, minhas idéias adquirem luci<strong>de</strong>z. Olho para o<br />

espaço e vejo a Terra. Prossegui:<br />

Olha, uma voz me diz que se passaram alguns séculos e<br />

vejo um novo quadro; vejo a ti, jovem e vigoroso, vestindo o<br />

humil<strong>de</strong> traje do trabalhador. Sorris com tristeza, e vagamente<br />

pensas em mim, e não é estranho, porque estou muito perto <strong>de</strong><br />

ti. Não uso o andrajoso hábito que visto agora, não. Cobre-me<br />

uma túnica branca, não te abandono nem um instante, vou<br />

sempre atrás <strong>de</strong> ti. Eu falo contigo, eu te inspiro, eu te envio o<br />

alimento <strong>de</strong> minha vonta<strong>de</strong>, eu trabalho em teu progresso, eu<br />

infiltro em teu pensamento o meu pensamento, em teu ser vive<br />

minha alma, tu vives entregue inconscientemente a minha<br />

recordação, e isso acontece <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> passados muitos<br />

séculos. Como vês, meu filho, por longo tempo estarei junto a<br />

ti. Como queres, pois, que te abandone agora? Mas, dize-me:<br />

que viste, que corrias como um <strong>de</strong>sesperado?<br />

Ele viu o filho - respon<strong>de</strong>u Maria. - Eu também o vi. Não é<br />

verda<strong>de</strong>, Rodolfo?<br />

Sim, é verda<strong>de</strong>, sim. Oh! E se houvesse sido só ele! Vi meu<br />

pai, o <strong>de</strong> Berta, Elísea, seu marido, e escutei aquela<br />

gargalhada tão perto <strong>de</strong> mim que ainda ecoa em meus ouvidos.<br />

Acalme-se - disse Maria acalme-se, seja razoável. Você<br />

mesmo se atormenta sem necessida<strong>de</strong> alguma. Certo que é<br />

<strong>de</strong>sventurado, mas não aumente sua <strong>de</strong>sgraça com a

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