09.05.2013 Views

Memórias de Padre Germano

Memórias de Padre Germano

Memórias de Padre Germano

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

viveu como tu, a quem não respeitou nem Deus nem os<br />

homens, que não se exija mais que a tortura do remorso. O<br />

medo! Esse sentimento in<strong>de</strong>finível que não tem explicação na<br />

linguagem humana! Esse terror sem nome! Esse espanto in<strong>de</strong>scritível<br />

que <strong>de</strong>tém o culpado no momento <strong>de</strong> cometer um<br />

novo crime! Mas isso já é um avanço, porque viveste muitos<br />

anos sem sentir. As sombras <strong>de</strong> tuas vítimas passavam diante<br />

<strong>de</strong> ti sem te causar a menor impressão. Seus gemidos<br />

ecoavam no espaço, mas o eco não os repetia em teu coração;<br />

e hoje essas sombras te aterram, hoje escutas a gargalhada da<br />

pobre louca. E, no momento <strong>de</strong> fixar teus olhos na jovem que<br />

estava na fonte, tu mesmo confessas que sentias mais próxima<br />

aquela horrível risada da dor.<br />

É verda<strong>de</strong> tudo que diz. Eu a sentia, sim; ao chegar à al<strong>de</strong>ia,<br />

a primeira coisa que vi foi essa mulher. 0 que senti ao vê-la?<br />

Não sei, mas chumbo <strong>de</strong>rretido circulou por minhas veias. Eu<br />

lhe perguntei pelo senhor, e ela me disse que estava no<br />

cemitério e que <strong>de</strong>pois repousaria na Fonte da Saú<strong>de</strong>. Eu lhe<br />

pedi que me servisse <strong>de</strong> guia e, durante o caminho, admirei<br />

sua beleza e disse a mim mesmo: "Já tenho com que passar o<br />

tempo'! Mas quando fui lhe dizer algo, pensei no senhor e vi a<br />

montanha com a grama seca, e, subindo pela trilha maldita, vi<br />

Elísea e seu marido, e uma voz distante repetia: ''Infeliz! Mais<br />

uma vítima!" Quando o senhor chegou, uma labareda queimou<br />

minha fronte; compreendo que faço mal, mas a tentação me<br />

vence; e, se o senhor não me <strong>de</strong>tiver, terei mudado <strong>de</strong> lugar,<br />

mas não <strong>de</strong> costumes.<br />

Tarefa penosa me impões, mas confio no Senhor que terei<br />

inspiração bastante para inclinar-te para o bem. Já <strong>de</strong>mos o<br />

primeiro passo: sentes o remorso, te confessas culpado e te<br />

entregas a minha direção. Dias <strong>de</strong> angústia me esperam, mas<br />

obterei a vitória e tua primeira boa ação será proteger a jovem<br />

que te serviu <strong>de</strong> guia. É uma humil<strong>de</strong> violeta dos prados, e um<br />

lírio <strong>de</strong>sses vales lhe ofereceu o perfume <strong>de</strong> seu amor; os dois<br />

são pobres, e tu os po<strong>de</strong>s fazer ricos com o importe <strong>de</strong> um <strong>de</strong><br />

teus menores caprichos. Po<strong>de</strong>s garantir a felicida<strong>de</strong> <strong>de</strong>les. E<br />

quando amanhã o jovem casal te apresentar, grato, o fruto <strong>de</strong><br />

seu amor, ama a doce criança para que, ao <strong>de</strong>ixar a Terra,<br />

tenhas quem feche teus olhos. Tu não amaste e por ninguém

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!