09.05.2013 Views

Memórias de Padre Germano

Memórias de Padre Germano

Memórias de Padre Germano

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Por fim exclamei, dirigindo-me a Deus: "Senhor, se tu me<br />

permitires, gostaria <strong>de</strong> ficar neste lugar, pois aqui encontro<br />

esse algo inexplicável que me faz viver. Uma voz distante me<br />

pareceu dizer: "Ficarás'! E eu, alvoroçado, disse aos meus<br />

companheiros: "Vamos, vamos percorrer essa planície.<br />

Naquelas casinhas que eu distingo ao longe parecem viver<br />

seres virtuosos'! E começamos a <strong>de</strong>scer a montanha.<br />

No meio da <strong>de</strong>scida, sentimos o agradável ruído produzido<br />

pela água <strong>de</strong> um abundante manancial, que formava uma<br />

artística cascata, porque nada tão artístico quanto a natureza.<br />

Ficamos agradavelmente surpresos e todos bebemos com<br />

urgência o melhor líquido que se conhece no mundo, a água,<br />

que brotava <strong>de</strong> uma pedra coroada <strong>de</strong> samambaias e musgo.<br />

Eu me sentei ao pé daquela linda fonte formada pela mão <strong>de</strong><br />

Deus, dizendo a Miguel: "Bebe, esta é a fonte da saú<strong>de</strong>. Des<strong>de</strong><br />

que bebi me sinto melhor. Vamos repousar aqui'! Sultão,<br />

enquanto isso, reconhecia o terreno.<br />

Meia hora passei entregue aos meus pensamentos, quando<br />

vi chegar um pobre homem coberto <strong>de</strong> farrapos, apoiado em<br />

um menino cujo rosto estava <strong>de</strong>sfigurado pelos estragos feitos<br />

pela lepra. Quando se aproximou, vi que o mendigo era cego.<br />

Infelizes! Quanta compaixão me inspiraram! Chegaram ao<br />

manancial e beberam com avi<strong>de</strong>z, retomando seu caminho. Eu<br />

os segui e comecei a conversar com o mendigo, que me disse<br />

que ia à vizinha al<strong>de</strong>ia, on<strong>de</strong> sempre lhe davam bastante<br />

esmola, tanto que, às vezes, dava do que sobrava a outros<br />

companheiros <strong>de</strong> infortúnio, pois lá até as crianças eram<br />

caritativas. Ao ouvir tão consoladoras palavras, só pu<strong>de</strong> exclamar:<br />

"Bendito seja este canto <strong>de</strong> terra! Aqui se encontra<br />

água para o corpo e água para a alma!" E, como se algo<br />

provi<strong>de</strong>ncial respon<strong>de</strong>sse ao meu pensamento, um grupo <strong>de</strong><br />

crianças nos obstruiu o passo e um <strong>de</strong>les exclamou, dirigindose<br />

ao cego: "Demorou muito, bom Tobias. Faz mais <strong>de</strong> duas<br />

horas que te aguardamos. Toma, toma, trouxemos muitas<br />

coisas boas'! E rapidamente colocaram nos alforjes do mendigo<br />

gran<strong>de</strong>s pães, queijos e frutas. E o que mais me comoveu foi<br />

que a criança mais velha disse ao mendigo, com voz<br />

carinhosa: "Eu levarei sua carga para que <strong>de</strong>scanses, e apóia-<br />

te em mim para que teu filho fique livre e possa brincar até que

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!