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Memórias de Padre Germano

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Que queres? Fala! ]á não pertences a este mundo. Teu<br />

espírito se <strong>de</strong>- senlaça <strong>de</strong> seu envoltório, tua expiação<br />

felizmente está cumprida.<br />

Gostaria - disse a doente - que dissesses a esse homem<br />

quanto... quanto o amei, para que por gratidão pelo menos<br />

rogue por mim! Aproximai-te, eu te direi o nome em seu ouvido.<br />

Olhei-a fixamente, com um <strong>de</strong>sses olhares que são uma<br />

verda<strong>de</strong>ira revelação, e disse em tom compassivo:<br />

Não é necessário que o pronuncies, pois há seis anos o vi<br />

escrito em teus olhos. Por isso abandonei teu palácio, por isso<br />

me afastei <strong>de</strong> ti, para que, pelo menos, se pecasses em<br />

pensamento, não pecasses em obra. Mas como o cumprimento<br />

<strong>de</strong> meu <strong>de</strong>ver não me obriga a ser ingrato, agra<strong>de</strong>ci teu carinho<br />

e me alegro que <strong>de</strong>ixes teu envoltório, porque assim <strong>de</strong>ixarás<br />

<strong>de</strong> pa<strong>de</strong>cer. Ama-me em espírito, ajuda-me com teu amor a<br />

suportar as misérias e as provas da vida. E agora, a<strong>de</strong>us, até<br />

logo. Vou chamar teus filhos, porque teus últimos olhares<br />

<strong>de</strong>vem ser exclusivamente para eles.<br />

A moribunda se levantou com uma força fictícia, esten<strong>de</strong>ume<br />

sua mão gelada, que por um segundo <strong>de</strong>scansou entre as<br />

minhas. Chamei seus filhos e, meia hora <strong>de</strong>pois, quatro órfãos<br />

me abraçavam chorando. E eu também chorei, pois ficava<br />

órfão como eles.<br />

Agora estou voltando do cemitério e tenho vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

chorar, <strong>de</strong> chorar muito, pois me impressionou muito a vista <strong>de</strong><br />

seu corpo. Naquela cabeça inerte ontem fervilhavam as idéias;<br />

ontem havia um pensamento, e esse pensamento estava fixo<br />

em mim.<br />

Não é ela a mulher <strong>de</strong> meus sonhos. A mulher <strong>de</strong> meus<br />

sonhos, que não encontrei ainda, é uma menina pálida cuja<br />

fronte está coroada <strong>de</strong> cachos negros. Mas a alma agra<strong>de</strong>ce o<br />

afeto que inspira outro ser, e sempre agra<strong>de</strong>ci profundamente o<br />

amor <strong>de</strong>sse espírito. Porque o agra<strong>de</strong>cia, ftigi <strong>de</strong> seu lado, pois<br />

não existem seduções diante do cumprimento sagrado <strong>de</strong> um<br />

<strong>de</strong>ver.<br />

Inspira-me, Senhor! Dá-me força <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> para seguir<br />

pela senda da virtu<strong>de</strong>. Não quero cair nas tentações da vida,

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