09.05.2013 Views

Memórias de Padre Germano

Memórias de Padre Germano

Memórias de Padre Germano

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

diante do simples olhar <strong>de</strong> uma mulher do povo, e <strong>de</strong> um<br />

sedutor se transformou em protetor do fraco.<br />

Ainda me parece vê-lo na última tar<strong>de</strong> em que fomos visitar<br />

a casinha <strong>de</strong> Luisa, casinha que no dia seguinte a jovem<br />

habitaria com seu marido. Quando Rodolfo entrou naquela<br />

humil<strong>de</strong> morada, sentou-se e me disse:<br />

Quantos séculos <strong>de</strong> glória e honras eu daria por viver um<br />

ano neste pobre recanto!<br />

Viverás. Tornar-te-ás digno <strong>de</strong> gozar na Terra algumas<br />

horas <strong>de</strong> paz e <strong>de</strong> amor; voltarás arrependido e encontrarás,<br />

quem sabe, essa mesma Luisa, e a seu lado passarás os dias<br />

ganhando o pão para ela e para seus filhos. Todos os <strong>de</strong>sejos<br />

se cumprem, todas as esperanças se realizam, Deus cria o<br />

homem para que seja feliz, e tu, meu filho, serás também.<br />

Mas eu queria ser agora - exclamou Rodolfo com dolorosa<br />

impaciência.<br />

Alguma vez já viste o fruto adornar a árvore antes <strong>de</strong> ela se<br />

vestir <strong>de</strong> folhas e se cobrir <strong>de</strong> flores? Não peças nada<br />

extemporâneo. Tu serás feliz quando fores digno da felicida<strong>de</strong>;<br />

quando amares muito encontrarás uma alma na Terra cujo<br />

amor será todo para ti. Hoje, resigna-te com a solidão que tu<br />

mesmo te impuseste. Mas não temas, pois até nos <strong>de</strong>sertos da<br />

dor encontra flores aquele que sabe amar.<br />

Saímos da casinha e, no dia seguinte, eu abençoei a união<br />

<strong>de</strong> Luisa com o amado <strong>de</strong> seu coração. O povoado em massa<br />

presenciou a cerimônia, e Rodolfo recebeu a primeira ovação<br />

<strong>de</strong> carinho naquele dia. Todos sabiam que ele havia legado ao<br />

jovem casal uma pequena fortuna que garantia seu mo<strong>de</strong>sto<br />

porvir, que aquela feliz união era obra sua, e todos o olhavam e<br />

diziam uns aos outros: "Ele é um senhor muito bom!"<br />

Ao sair da igreja, Rodolfo apertou minha mão, dizendo em<br />

tom comovido:<br />

O senhor bem me disse: quem amor semeia, amor colhe.<br />

Um ano <strong>de</strong>pois, Luisa <strong>de</strong>u à luz uma menina, que Rodolfo<br />

segurou em seus braços enquanto eu <strong>de</strong>rramava sobre sua<br />

cabeça a água do batismo. Esse anjo <strong>de</strong> inocência <strong>de</strong>spertou

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!