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Memórias de Padre Germano

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Aquele <strong>de</strong>sventurado me olhou com espanto e disse com<br />

mais doçura:<br />

<strong>Padre</strong>, o senhor, sem dúvida, não sabe o que há aqui. É a<br />

peste!<br />

É por isso que venho, porque sei que há vários seres<br />

agonizando. Não percamos mais tempo.<br />

E com passo apressado entrei na casa, on<strong>de</strong> encontrei um<br />

quadro dos mais horríveis que já vira na vida. Em um aposento<br />

<strong>de</strong>sarrumado, iluminado por uma tocha, havia seis homens<br />

amontoados, em cima <strong>de</strong> um monte <strong>de</strong> palha, mantas e trapos,<br />

tudo revirado. Sua respiração cansadíssima me impressionou<br />

dolorosamente. Olhei para todos os lados procurando a boa<br />

Cecília, que era uma mãe exemplar, e a encontrei em um canto,<br />

sentada no chão e sem movimento algum.<br />

Peguei sua mão direita e a estreitei nas minhas,<br />

murmurando suavemente: "Cecília!" Ela abriu os olhos, olhou<br />

para mim como quem <strong>de</strong>sperta <strong>de</strong> um profundo sono. Repeti<br />

com a voz mais acentuada:<br />

Cecília, levanta-te. Deus ouviu tuas preces.<br />

É verda<strong>de</strong>, posto que o senhor aqui está.<br />

E fazendo um esforço sobre-humano, aquela pobre mártir se<br />

levantou, e entre soluços me contou que fazia vinte e seis dias<br />

que lutava com a horrível doença <strong>de</strong> seus filhos, <strong>de</strong>scansando<br />

apenas brevíssimos momentos no meio do dia, pois à noite a<br />

doença se agravava e não os podia abandonar; que aquela<br />

tar<strong>de</strong> lhe haviam faltado totalmente as forças; que havia<br />

pensado em mim e me chamado com insistência, estranhando<br />

que eu não houvesse ido antes, posto que em todas as suas<br />

preces pedia a Deus que me enviasse.<br />

Eu havia levado comigo minha caixinha <strong>de</strong> remédios, muito<br />

simples na preparação, pois todos eram vegetais, mas me<br />

ajudavam mais que todas as minhas faculda<strong>de</strong>s curativas,<br />

minha força magnética, tão po<strong>de</strong>rosa que me havia granjeado<br />

fama <strong>de</strong> bruxo, pois em muitas ocasiões fiz curas maravilhosas<br />

(a olho nu), por mais que não passassem <strong>de</strong> fatos naturais<br />

<strong>de</strong>ntro das leis físicas, leis <strong>de</strong>sconhecidas para as multidões<br />

ignorantes.

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