09.05.2013 Views

Memórias de Padre Germano

Memórias de Padre Germano

Memórias de Padre Germano

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

nas mãos e fiquei absorto em tão profunda meditação que não<br />

sei quantos minutos permaneci naquele estado. Por fim<br />

<strong>de</strong>spertei e estava banhado em suor. Olhei em volta e vi a<br />

pobre mulher, que me olhava com ansieda<strong>de</strong>, dizendo:<br />

<strong>Padre</strong>, que tem? Ficou pálido como um <strong>de</strong>funto. Está<br />

doente?<br />

Sim, estou doente, mas da alma. Mas não te preocupes,<br />

acalma-te, pois, ou per<strong>de</strong>rei meu nome, ou Clotil<strong>de</strong> voltará a<br />

teus braços.<br />

E, <strong>de</strong> repente, levantei-me e me senti forte. Experimentei<br />

essa estranha sensação que sinto sempre que tenho que<br />

entrar em luta. Vi sombras aterradoras diante <strong>de</strong> mim e<br />

exclamei: "Já sei quem sois, eu vos conheço: sois as vítimas<br />

dos penitentes negros. Já sei como haveis morrido. Vós me<br />

aju- dareis, não é verda<strong>de</strong>? Aquela pobre menina vos causa<br />

compaixão. Ela é tão jovem! Ainda não viu o orvalho <strong>de</strong> vinte<br />

invernos e já <strong>de</strong>ve estar gemendo em um escuro calabouço.<br />

Ajudai-me, não é verda<strong>de</strong> que me ajudareis?" E as sombras se<br />

inclinaram em sinal <strong>de</strong> assentimento.<br />

<strong>Padre</strong> - disse a pobre mulher que está dizendo? Fala não<br />

sei com quem e eu não vejo ninguém.<br />

Essas simples palavras me fizeram voltar à vida real, e eu<br />

me sentei na pedra e fiquei a refletir. Porque se o impossível<br />

existe é, sem dúvida, arrebatar uma vítima dos penitentes<br />

negros, associação po<strong>de</strong>rosíssima, apoiada pelos soberanos,<br />

terrível em suas sentenças, misteriosa em seus procedimentos,<br />

cujos agentes estão em todos os lugares. Coitado daquele que<br />

cair em suas garras! Mais <strong>de</strong> uma vez seus chefes e eu nos<br />

vimos frente a frente. Eu disse a eles o que creio que ninguém<br />

lhes disse, e, da última vez que falei com eles, me advertiram:<br />

"Se tiveres novamente a ousadia <strong>de</strong> sair <strong>de</strong> tua al<strong>de</strong>ia para<br />

espionar nossas ações, conta que será a última; não farás mais<br />

excursões, e não esqueças que os penitentes negros cumprem<br />

o que prometem"<br />

Que fazer? Que fazer? Lutar e na luta morrer ou vencer. E<br />

voltando-me para a mulher, que chorava em silêncio, disse:

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!