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Memórias de Padre Germano

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que não consolam o órfão, nem dão apoio ao inseguro passo<br />

dos idosos, nem ajudam os <strong>de</strong>sventurados em suas penas?<br />

Sob nenhum ângulo a mulher progri<strong>de</strong> na vida monástica, ao<br />

contrário; estaciona e até retroce<strong>de</strong>.<br />

É consi<strong>de</strong>rada virtuosa ou inofensiva, mas é egoísta, posto<br />

que se afasta da luta do mundo. Quando pronuncia seus votos<br />

por <strong>de</strong>sespero, torna-se tirânica, cruel. Quando a alucinação e<br />

a ignorância a jogam no claustro, transforma-se em coisa, é um<br />

instrumento do qual homens perjuros se valem, e, quando a<br />

timi<strong>de</strong>z e a obediência aos mais velhos a obriga a renunciar ao<br />

mundo, vive morrendo, maldizendo e rezando ao mesmo<br />

tempo.<br />

Eu amava a mulher, consi<strong>de</strong>rava-a a única glória do homem.<br />

E ao vê-la tão envilecida me <strong>de</strong>sesperava. Naquela<br />

comunida<strong>de</strong> ri a mulher em todos os graus <strong>de</strong> embrutecimento,<br />

em todas as fases da <strong>de</strong>generação e do sofrimento moral e<br />

material, tremendo diante do martírio, enlouquecida pelo terror.<br />

Presenciei a profissão <strong>de</strong> uma pobre noviça e fiquei<br />

horrorizado. Outra pobre menina estava próxima <strong>de</strong> pronunciar<br />

esses votos irrevogáveis que tantas <strong>de</strong>sgraças causaram e eu<br />

<strong>de</strong>cidi salvá-la do inferno, <strong>de</strong> tão impressionado que estava<br />

com a luta da noviça que poucos dias <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> minha<br />

chegada professou. Aquela mártir sobreviveu por pouco tempo<br />

ao sacrifício e eu me alegrei com sua morte, porque era uma<br />

jovem dotada <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> sentimento e sofria terrivelmente<br />

cercada <strong>de</strong> mulheres sem coração.<br />

Eloísa, sua companheira <strong>de</strong> infortúnio, ao vê-la morrer,<br />

olhou para mim e chorou silenciosamente, e compreendi que<br />

mais chorava por si mesma que pela morta.<br />

Quando chegou a hora <strong>de</strong> se confessar, na véspera do<br />

pronunciamento <strong>de</strong> seus votos, eu disse a ela diante <strong>de</strong> um<br />

crucifixo:<br />

Eloísa, renuncias <strong>de</strong> todo coração aos prazeres da Terra?<br />

Sim - respon<strong>de</strong>u a jovem com voz insegura, olhando para a<br />

imagem <strong>de</strong> Cristo.<br />

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