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Memórias de Padre Germano

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vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> impressionar aqueles espíritos rebel<strong>de</strong>s, tão<br />

<strong>de</strong>cidida estava minha alma a fazê-los sentir, tão<br />

fervorosa eram as preces que eu dirigi a Deus, tão profunda<br />

era a fé que eu sentia, tão imenso meu <strong>de</strong>sejo, tão puro meu<br />

sentimento, tão gran<strong>de</strong> minha inspiração, tão po<strong>de</strong>roso me<br />

senti, tão cercado me vi <strong>de</strong> figuras luminosas, tão claro ecoou<br />

em meu ouvido: "Fala, que Deus te escuta" que eu lhes disse<br />

com entonação profética: - Olhai! Olhai! Ve<strong>de</strong> vosso caminho?<br />

Levais a morte convosco, porque a pegada do criminoso tudo<br />

aniquila!"<br />

E eu também via aquela grama murcha, <strong>de</strong> uma cor<br />

amarelada, e não parava <strong>de</strong> dizer: - Olhai! Terra estéril<br />

encontrareis sempre! Planícies endurecidas percorrereis sem<br />

<strong>de</strong>scanso! Pedireis água e pão, e se secarão as fontes, e as<br />

espigas do trigo serão arrancadas pelo vendaval! Porque a<br />

criação não tem frutos para os filhos ingratos. Voltai agora para<br />

vossa prisão dourada; embriagai-vos com vossos festins,<br />

adornai-vos com vossos trajes <strong>de</strong> púrpura, enganai a vós<br />

mesmos. Mas recordai sempre que as pegadas do criminoso<br />

<strong>de</strong>ixam rastro <strong>de</strong> morte.<br />

Berta chorou, e Rodolfo olhou para mim com um olhar<br />

inexplicável. Todas as paixões estavam retratadas nele. Pegou<br />

minha mão e disse com voz trêmula:<br />

Vou embora, porque aqui enlouquecerei. Mas voltarei.<br />

Desceu rapidamente. Berta se apoiou em meu braço e<br />

<strong>de</strong>sceu lentamente. De vez em quando olhava para trás e eu<br />

pensava comigo: "Meu Deus, que para seus olhos a grama<br />

esteja murcha" E estava, porque meu <strong>de</strong>sejo era tão gran<strong>de</strong>,<br />

que acredito que só com meu hálito <strong>de</strong> fogo teria murchado o<br />

mundo inteiro. A infeliz pecadora tremia <strong>de</strong> espanto e me dizia:<br />

<strong>Padre</strong>! A grama está seca!<br />

Sim, está seca como esteve teu coração. Mas Deus, se<br />

quiseres, te dará uma eterna primavera. Ama os pobres, acolhe<br />

os órfãos e os anciãos <strong>de</strong>svalidos, pratica a verda<strong>de</strong>ira, a<br />

sublime carida<strong>de</strong>. Ama, porque tu não amaste! Sente, porque<br />

tu não sentiste! Arrepen<strong>de</strong>-te, pobre pecadora! Para o Pai <strong>de</strong>

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