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Memórias de Padre Germano

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Angelina, que estava prostrada diante do altar-mor,<br />

levantou-se apressadamente e foi se juntar a nós. Parecia-se<br />

tanto, tanto com a con<strong>de</strong>ssa que até o mais <strong>de</strong>savisado teria<br />

percebido o íntimo parentesco que as unia. A única diferença<br />

era que Angelina era um anjo que ainda conservava suas asas,<br />

e sua mãe era uma Madalena não arrependida, mergulhada no<br />

lodaçal do vício.<br />

Saímos os três da igreja e entramos no jardim. Chamei<br />

Miguel, encarreguei-o <strong>de</strong> não se afastar <strong>de</strong> Angelina e subi<br />

com a con<strong>de</strong>ssa a meu aposento. Fiz que se sentasse e eu me<br />

sentei em frente a ela. Disse-lhe:<br />

Conversemos, então.<br />

Começarei pedind-lhe perdão por ter <strong>de</strong>morado tanto tempo<br />

a vir.<br />

Já te disse outras vezes que não existe nenhum homem no<br />

mundo que tenha direito <strong>de</strong> perdoar ou <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nar. Deus não<br />

tem nenhum <strong>de</strong>legado visível na Terra. O último que houve<br />

partiu há alguns séculos.<br />

Vejo, padre, que continua sendo tão original como <strong>de</strong><br />

costume, negando aos sacerdotes as atribuições que Deus<br />

lhes conce<strong>de</strong>u.<br />

Os sacerdotes têm as mesmas atribuições que os outros<br />

homens, têm obrigação <strong>de</strong> cumprir seu <strong>de</strong>ver, isso é tudo.<br />

Po<strong>de</strong>m aconselhar, e isso farei contigo. Sempre que vires te<br />

aconselharei e te darei minha opinião e, <strong>de</strong>pois, tu, em uso <strong>de</strong><br />

tua livre vonta<strong>de</strong>, seguirás a senda que melhor te acomo<strong>de</strong>,<br />

pois não é outra coisa que vens fazendo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que te<br />

conheço, e, aliás, já faz muitos anos.<br />

É verda<strong>de</strong>, padre, é verda<strong>de</strong>, e quem <strong>de</strong>ra eu houvesse<br />

seguido seu conselho da primeira vez que vim vê-lo!<br />

Tens razão. Se me houvesses obe<strong>de</strong>cido, Angelina não teria<br />

vindo ao mundo, pelo menos não tendo a ti como mãe. Pobre<br />

menina!<br />

Como? Que diz? Quem lhe disse?<br />

Quem me haveria <strong>de</strong> dizer? Embora eu já soubesse, ela<br />

mesma, em seu precioso semblante, leva sua fé <strong>de</strong> batismo.

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