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Memórias de Padre Germano

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Sim, sim - gritaram os anciãos com alegria infantil -, faremos<br />

tudo que quiser para conseguir prolongar sua vida. O senhor<br />

muito pensa e trabalha <strong>de</strong>mais; tem razão, vamos <strong>de</strong>scansar<br />

um pouco <strong>de</strong> nossas fadigas.<br />

E, com afã febril, meus bons fiéis correram pela al<strong>de</strong>ia<br />

dando a boa nova: que eu queria ir para o campo cercado <strong>de</strong><br />

meu amado rebanho e <strong>de</strong> todos os pobres que se<br />

encontrassem no lugar.<br />

Chegou o dia marcado e, justamente na noite anterior,<br />

haviam chegado muitos mendigos. As estrelas ainda enviavam<br />

seu fulgor à Terra quando Sultão entrou em meu quarto latindo<br />

alegremente, como se dissesse: "Acorda, já é hora'! Que<br />

animal inteligente! Como compreendia tudo! Como fazia<br />

barulho quando me via alegre! Como guardava meu sono<br />

quando eu lhe dizia: "Ah, Sultão, estou mal..." Então, ele se<br />

colocava ao pé da escada que conduzia a meu quarto e<br />

ninguém subia para me incomodar. Quando ele percebia que<br />

eu <strong>de</strong>via me levantar cedo, entrava em meu aposento dando<br />

pulos e piruetas. Como era tão gran<strong>de</strong>, sua alegria promovia<br />

uma verda<strong>de</strong>ira revolução, porque <strong>de</strong>rrubava as ca<strong>de</strong>iras, meu<br />

velho báculo rolava pelo chão, e eu ficava feliz vendo tanto<br />

movimento.<br />

Naquela madrugada, quando me acordou, disse a Sultão:<br />

"Vai, quero ficar sozinho. Vai e acorda os preguiçosos" Sultão<br />

olhou para mim, apoiou sua linda cabeça em minhas mãos, e<br />

<strong>de</strong>pois, com aquela inteligência maravilhosa que o distinguia,<br />

saiu pausadamente. Não fez barulho, compreen<strong>de</strong>u que minha<br />

mente precisava <strong>de</strong> certo repouso naquele momento.<br />

Ao me ver sozinho, levantei-me, abri a janela e, olhando<br />

para fora, contemplei o céu e exclamei: "Senhor, que eu seja<br />

hoje um <strong>de</strong> teus mensageiros! Dá-me essa força mágica, essa<br />

potência sem rival que alguns dos teus enviados têm nos<br />

momentos supremos! Quero trazer <strong>de</strong> volta ao curral duas<br />

ovelhas <strong>de</strong>sgarradas. Ajuda-me, Senhor, pois sem ti não tenho<br />

fôlego, falta-me persuasão para convencer, falta-me essa<br />

eloqüência para entusiasmar e fazer <strong>de</strong>cidir o ser indiferente;<br />

falta-me essa voz profética que encontra eco na mente do<br />

culpado. Eu sou uma árvore morta, mas se quiseres, Senhor,

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