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Memórias de Padre Germano

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Naquela mesma noite abandonei o palácio e, ao cruzar uma<br />

<strong>de</strong> suas galerias, a mulher pálida saiu em meu encontro<br />

chorando silenciosamente e disse:<br />

<strong>Padre</strong> <strong>Germano</strong>, não nos abandones sem ouvir minha<br />

confissão.<br />

Confessa-ti com teu esposo, senhora.<br />

Ele não me enten<strong>de</strong>.<br />

Conta, então, tuas aflições a teus filhos.<br />

Pobres anjos! São tão pequenos!<br />

Pois conta-as a Deus, senhora. E ama a Deus sobre todas<br />

as coisas, e pres- tai-Lhe culto cumprindo fielmente teus<br />

<strong>de</strong>veres como mãe e como esposa.<br />

A pobre jovem sufocou um gemido, e senti dó, porque é<br />

uma alma muito doente: a infeliz vive sozinha, seu esposo não<br />

a compreen<strong>de</strong> nem a ama, e fugi <strong>de</strong>la porque sei que tem se<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> amor e <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong>, e não é conveniente que aqueles que<br />

têm fome <strong>de</strong> carinho se relacionem e tenham contato com<br />

aqueles que estão se<strong>de</strong>ntos e famintos <strong>de</strong> ternura.<br />

Quando me encontrei na rua, seguido <strong>de</strong> meu fiel Sultão,<br />

respirei livremente. Estava em meu centro, no seio da pobreza,<br />

ou melhor, da miséria, pois meu protetor, em vingança por<br />

minha rebelião (como ele dizia), disse-me:<br />

Bem, partireis, mas sem levar dinheiro algum. Os rebel<strong>de</strong>s<br />

não são dignos do pão <strong>de</strong> cada dia.<br />

Muitos são os seres que não têm mais patrimônio que a<br />

Providência, e esta, <strong>de</strong>veis saber, não <strong>de</strong>sampara nenhum filho<br />

seu.<br />

Saí gozoso <strong>de</strong> um lugar on<strong>de</strong> me prendiam triplos laços. E,<br />

tranqüilo e sereno, dirigi-me ao campo para falar com Deus. A<br />

lua me acompanhava. Eu me reclinei em uma pequena colina e<br />

mergulhei em meus pensamentos.<br />

Longo tempo estive meditando, e como minha consciência<br />

me dizia "fizeste bem" um sonho benéfico fechou minhas<br />

pálpebras. E, quando acor<strong>de</strong>i, a pálida luz do alvorecer tingia o

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