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Memórias de Padre Germano

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<strong>de</strong> feridos, procuramos Gustavo, mas inutilmente. Por fim,<br />

entramos no acampamento on<strong>de</strong> haviam improvisado um<br />

hospital e com um olhar Lina abarcou aquele horrível conjunto.<br />

E vi-a com a rapi<strong>de</strong>z do <strong>de</strong>sejo dirigir-se a um canto daquele<br />

largo recinto e cair <strong>de</strong> joelhos diante <strong>de</strong> um ferido. Quando<br />

pu<strong>de</strong> chegar junto a ela, foi difícil reconhecer Gustavo, que, ao<br />

me ver, esten<strong>de</strong>u sua mão direita buscando a minha. Nós três<br />

nos unimos em estreito abraço e nenhum <strong>de</strong> nós pronunciou<br />

uma palavra. Só Lina falava com os olhos. Gustavo queria<br />

falar, mas a emoção o sufocava, e nós três permanecemos um<br />

longo tempo em uma situação muito difícil <strong>de</strong> explicar.<br />

As tropas inimigas, que haviam ganhado a batalha, vieram<br />

apo<strong>de</strong>rar-se dos vencidos e recolher os feridos em carros. Lina,<br />

ao ver aquele movimento, apo<strong>de</strong>rou-se <strong>de</strong> uma mão <strong>de</strong><br />

Gustavo e olhou para mim, dizendo com seu gesto: "Não o<br />

<strong>de</strong>ixarei'! Compreen<strong>de</strong>ndo sua heróica resolução, eu me<br />

inclinei para ela e disse: "Fica calma, não o <strong>de</strong>ixaremos". Por<br />

fim foi a vez <strong>de</strong> Gustavo, e quando já o iam levantar, o oficial<br />

que dirigia aquela tristíssima manobra olhou fixamente para<br />

Lina e para mim, que tentávamos levantar nosso ferido.<br />

Aproximou-se mais, olhou para mim e exclamou com espanto:<br />

O senhor aqui, padre <strong>Germano</strong>! Como <strong>de</strong>ixou vossa al<strong>de</strong>ia?<br />

Em breves palavras, expliquei-lhe a causa que motivava<br />

minha presença naquele lugar, e ele, então, disse:<br />

Há alguns anos, <strong>de</strong>vi minha vida ao senhor, que, sem<br />

dúvida, não me conhece ou recorda, mas eu nunca o esqueci e<br />

quero <strong>de</strong> algum modo pagar a dívida que lhe tenho. Que quer<br />

<strong>de</strong> mim?<br />

Que me entregues este ferido, que em breves dias será um<br />

corpo, para que ao menos ela possa fechar seus olhos.<br />

Sem <strong>de</strong>mora, ele aten<strong>de</strong>u a meus <strong>de</strong>sejos e,<br />

convenientemente acompanhados, voltamos, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> mil<br />

sofrimentos, a nossa al<strong>de</strong>ia. O pobre Miguel, que diariamente<br />

ia ao caminho para ver se chegávamos, ao nos divisar correu<br />

ao meu encontro e disse que o pai <strong>de</strong> Gustavo havia morrido<br />

impressionado por uma notícia falsa que correra sobre a morte<br />

<strong>de</strong> seu filho e ignorava-se o para<strong>de</strong>iro <strong>de</strong> sua mãe. Diante

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