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Memórias de Padre Germano

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Miguel se afastou, e eu, então, entreguei meu coração à<br />

felicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amar.<br />

Amando uma morta não <strong>de</strong>srespeitava as prescrições<br />

sagradas. Chorei minha juventu<strong>de</strong> perdida, lamentei minha<br />

fraqueza <strong>de</strong> não haver protestado contra meus votos e me<br />

filiado à igreja luterana, unindo-me pelos laços do matrimônio<br />

àquela menina pálida dos cachos negros, e criando família<br />

grata aos olhos do Senhor. Compreendi em breves horas o que<br />

não havia compreendido em vinte anos, e suspirei por uma<br />

felicida<strong>de</strong> que raras vezes se encontra na Terra.<br />

Eu, que soube tantos segredos! Eu, que vi tantas mulheres<br />

sem máscara, confiando a mim suas infi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong>s e seus<br />

<strong>de</strong>svios! Eu, que vi tanta inconstância, apreciava em todo seu<br />

valor o amor imenso daquela mulher que me viu quatro vezes<br />

na vida e, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que soube sentir, sentiu por mim!<br />

Com que prazer cobri sua vala <strong>de</strong> flores!<br />

Com que santo <strong>de</strong>leite cuidava <strong>de</strong>las!<br />

O coração do homem é sempre menino!<br />

Nem um dia, nem um único dia, <strong>de</strong>ixava <strong>de</strong> ir ao cemitério!<br />

Ali estava o encanto <strong>de</strong> minha vida!<br />

Passaram-se muitos invernos. A neve cobriu seu túmu1o e<br />

<strong>de</strong>ixou em minha cabeça brancos flocos, mas meu coração<br />

sempre foi jovem.<br />

Sempre o calor do mais puro sentimento manteve o fogo<br />

santo do mais imenso amor. Mãe, irmã, esposa e filhos, tudo<br />

fundi nela pois é justo pagar com acréscimo as sagradas<br />

dívidas do amor!<br />

Se algo progredi neste mundo, <strong>de</strong>vi tudo a ela! À menina<br />

pálida dos cachos negros!<br />

Junto a seu túmulo compreendi o valor da reforma luterana<br />

e regando os chorões-salgueiros que lhe emprestavam sombra<br />

dissipei as sombras que envolviam minha imaginação. Soube<br />

como era pequena a igreja dos h omens, e como era gran<strong>de</strong> o<br />

templo universal <strong>de</strong> Deus

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