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Memórias de Padre Germano

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<strong>de</strong>via empregar minha sabedoria não no enriquecimento <strong>de</strong><br />

museus nem fazendo proselitismos para esta ou aquela escola<br />

filosófica, pronunciando eloqüentes discursos em aca<strong>de</strong>mias<br />

científicas; <strong>de</strong>via começar me educando, moralizando,<br />

refreando minhas paixões, sabendo quais eram meus <strong>de</strong>veres<br />

e meus direitos, pois, por ser muito antigo, eu me acreditava no<br />

direito <strong>de</strong> julgar sem me importar com o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> julgar a mim<br />

mesmo. Este é todo o segredo <strong>de</strong> minha última vida.<br />

O que faz o homem quando, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma longa jornada,<br />

exausto, com uma se<strong>de</strong> <strong>de</strong>voradora, chega a um manancial<br />

cristalino? Bebe, bebe sem medida; nem acredita que<br />

encontrou água. Pois do mesmo modo o espírito, quando tem<br />

se<strong>de</strong> <strong>de</strong> progresso, na primeira existência que consagra a sua<br />

reabilitação, não perdoa meio algum para se engran<strong>de</strong>cer. A<br />

questão é resgatar séculos perdidos para penetrar os mundos<br />

<strong>de</strong> luz.<br />

Essa situação era minha situação, e como vitória sem luta<br />

não é vitória, vivi isolado, sem família, sem amigos, sem<br />

ninguém que me amasse no mundo. Aos cinco anos<br />

contemplei o oceano que gemia aos meus pés e, ao me ver<br />

sozinho, fiquei satisfeito, pois estava no terreno <strong>de</strong> que necessitava.<br />

Sem o amparo <strong>de</strong> ninguém e só minha vonta<strong>de</strong> para<br />

fazer o bem, criei uma família junto com os aflitos e um nome<br />

no mundo, e minha lembrança ficou para a posterida<strong>de</strong>.<br />

Não se iludam: o que o homem necessita é amar o bem,<br />

não amar a si mesmo; interessar-se pelo progresso universal,<br />

isso é tudo. Amar, mas amar sem egoísmo, respeitar todas as<br />

leis, medir a profundida<strong>de</strong> do abismo da culpa, consi<strong>de</strong>rar<br />

todas as conseqüências que resultam <strong>de</strong> nossos <strong>de</strong>svios e<br />

somar os benefícios que po<strong>de</strong>mos reportar com nossas<br />

virtu<strong>de</strong>s. Não justamente a nós mesmos, mas à massa social.<br />

Assim está perfeitamente explicado meu modo <strong>de</strong> viver.<br />

Quando o homem só pensa em si mesmo e pensa que um<br />

dia <strong>de</strong> vida é a vida, como diz um <strong>de</strong> seus provérbios, goza <strong>de</strong><br />

alguns momentos, é inegável. Mas como a felicida<strong>de</strong> terrena<br />

são flores <strong>de</strong> um dia, aquele que só pensa em satisfazer seus<br />

apetites logo se vê cercado <strong>de</strong> flores secas. Porém, aquele que<br />

cuida do amanhã, que quer alicerçar sua felicida<strong>de</strong> em base

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