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Memórias de Padre Germano

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Um dia <strong>de</strong> primavera<br />

Como é linda a primavera, meus filhos! Ela sintetiza a vida,<br />

porque é a encarnação da esperança, é a realida<strong>de</strong> da glória. A<br />

Terra, apesar <strong>de</strong> não ser um mundo feliz, posto que dista muito<br />

da perfeição em relação aos méritos dos terrenos, na<br />

primavera é cópia exata do paraíso, porque nessa estação<br />

florida tudo sorri, tudo se <strong>de</strong>sperta com o beijo mágico <strong>de</strong><br />

Deus.<br />

Alguns lugares são mais belos que outros, e, durante minha<br />

última vida habitei, como já sabem, em uma al<strong>de</strong>ia situada em<br />

uma das paragens mais pitorescas <strong>de</strong>ste planeta. A igreja e<br />

várias casas estavam edificadas em uma extensa planície, e o<br />

resto da al<strong>de</strong>ia estava espalhado pelas montanhas que em<br />

largo anfiteatro a circulam. O mar, quase sempre calmo,<br />

oferecia-me sua imensidão para me induzir à meditação. Entre<br />

as montanhas estendiam-se mansos vales cortados por<br />

regatos cristalinos que com seu frescor e suas férteis<br />

semeaduras me convidavam a repousar docemente nas<br />

manhãs <strong>de</strong> primavera. E já que vocês <strong>de</strong>sfrutam agora <strong>de</strong>ssa<br />

linda estação do ano, quero lhes dizer quanto prazer senti em<br />

um dia <strong>de</strong>ssa época feliz na qual os pássaros, a brisa, as<br />

flores, a luz do sol, o fulgor das estrelas, tudo parece dizer:<br />

"Ama, homem da Terra, sorri, alegra-te, pobre <strong>de</strong>safortunado, e<br />

espera um amanhã venturoso!"<br />

Eu, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> menino, adorei a natureza e admirei os encantos<br />

da criação, que são como as gotas do orvalho, incontáveis. Por<br />

razão natural, quando tive mais reflexão, admirei muito mais<br />

todas as belezas que me cercavam. As condições da vida não<br />

permitiam que eu me retirasse em uma gruta e me entregasse<br />

à meditação; ao contrário, <strong>de</strong>via permanecer firme em meu<br />

cargo para aten<strong>de</strong>r não só aos meus fiéis (que, em honra à<br />

verda<strong>de</strong>, eram os que menos trabalho me davam), mas aos<br />

habitantes dos povoados vizinhos, que constantemente vinham<br />

me contar suas aflições, e outros muitos pecadores que<br />

<strong>de</strong>ixavam seus palácios e seus castelos para me pedir um<br />

conselho; e, por último, incontáveis mendigos que vinham com<br />

fre-

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