09.05.2013 Views

Memórias de Padre Germano

Memórias de Padre Germano

Memórias de Padre Germano

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Que tens? - perguntei assustado.<br />

Roubam-me a filha do meu coração!<br />

Que me dizes? Não entendo, explica-te.<br />

Digo que roubam Madalena <strong>de</strong> mim!<br />

Quem?<br />

Quem? Esses que se chamam ministros <strong>de</strong> Deus.<br />

Que dizes? Tu, sem dúvida, estás doente.<br />

Não <strong>de</strong>liro, não. Não recordas a voz <strong>de</strong> minha filha, que<br />

quando canta parece que um serafim do paraíso <strong>de</strong>sceu à<br />

Terra? Pois bem, eles querem essa voz para si e a estão<br />

levando embora.<br />

Mas como a estão levando?<br />

Como? Fazendo-a entrar em um convento, porque dizem<br />

que ao meu lado não apren<strong>de</strong> nada <strong>de</strong> bom porque sou um<br />

reformista. E uma família muito po<strong>de</strong>rosa assumiu as ré<strong>de</strong>as<br />

do assunto, e minha filha, aturdida e alucinada com os<br />

conselhos <strong>de</strong> um missionário, diz que quer pensar na salvação<br />

<strong>de</strong> sua alma, porque todos juntos a estão enlouquecendo. E<br />

nossa casa, que antes era um céu, agora é um inferno. Tu me<br />

conheces, <strong>Germano</strong>. Tu sabes que minha filha é minha vida,<br />

que eu sonhava em vê- la casada com um homem digno <strong>de</strong>la.<br />

Que não é que eu a queira por egoísmo, pois a mim não me<br />

importa; se preciso fosse, passaria o dia à porta <strong>de</strong> uma igreja<br />

pedindo esmola, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que à noite pu<strong>de</strong>sse ouvir sua voz <strong>de</strong><br />

anjo. Mas perdê-la para sempre, saber que vive, e que não vive<br />

para mim, ah, <strong>Germano</strong>, isso me <strong>de</strong>ixa louco.<br />

45<br />

E aquele pai infeliz chorava o horrível pranto do <strong>de</strong>sespero.<br />

Acalma-te - disse eu acalma-te; nem tudo está perdido<br />

ainda. Eu falarei com Madalena, que me respeita muito.<br />

És a única esperança que me resta! Se tu não conseguires<br />

fazê-la <strong>de</strong>sistir do plano, já sei o que hei <strong>de</strong> fazer.<br />

E o que farás?<br />

O que farei? Perguntas o que farei? Morrerei!

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!