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Memórias de Padre Germano

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O amor na terra<br />

O que é o amor na Terra? É um mistério in<strong>de</strong>cifrável,<br />

Senhor! É ou nuvem <strong>de</strong> fumaça que em espirais se <strong>de</strong>sfaz, ou<br />

charco lodoso cujos miasmas infeccionam a atmosfera, ou<br />

terrível tormenta que tudo arrasa, <strong>de</strong>ixando atrás <strong>de</strong> si a<br />

<strong>de</strong>solação e a morte. Oh, sim, o amor na Terra ou tem a vida<br />

das rosas, que sorriem apenas dois crepúsculos, o matutino e<br />

o vespertino, ou é causa <strong>de</strong> paixão nefanda que faz ruborizar<br />

quem o sente, ou uma horrível tragédia cujo <strong>de</strong>senlace é a<br />

morte.<br />

E os ímpios ainda duvidam, Senhor! E negam com tenaz<br />

empenho que tu guardas para teus filhos outros mundos, on<strong>de</strong><br />

as almas po<strong>de</strong>m saciar a se<strong>de</strong> ar<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> teu imenso amor!<br />

Eu te amo, Senhor, eu, que espero e creio em tua infinita<br />

misericórdia, que sei que tu ouvirás meu rogo e que amanhã<br />

sorrirei feliz amando com <strong>de</strong>lírio uma mulher!<br />

Ela era tão bela! Ainda a vejo, com sua fronte pálida<br />

coroada <strong>de</strong> brancos jasmins, com seus negros cachos e com<br />

seus olhos irradiando amor! E só a vi três vezes, Senhor! E em<br />

nenhuma <strong>de</strong>las pu<strong>de</strong> lhe dizer que minha alma era sua! Meus<br />

lábios emu<strong>de</strong>ceram, mas não sei se meus olhos falaram!<br />

Triste planeta Terra! E este episódio <strong>de</strong> amor é o mais<br />

santo, é o mais puro; eram afeições sacrificadas pela religião e<br />

pela verda<strong>de</strong>. Nunca po<strong>de</strong>rei esquecer a menina dos cachos<br />

negros, pois era uma criatura <strong>de</strong>ssas que <strong>de</strong>ixam atrás <strong>de</strong> si<br />

um perfume, uma fragrância que nunca evapora. O prazer da<br />

dor <strong>de</strong>ixa impresso em nosso ser um sorriso imortal. Estou<br />

contente com meu sacrifício, estou gozoso por não ter gozado,<br />

porque o prazer da Terra não <strong>de</strong>ixa mais herança que luto e<br />

lágrimas. Agora o vi, agora o toquei, agora me convenci <strong>de</strong> que<br />

o prazer neste mundo é a fonte abundante da dor.<br />

Há algum tempo, sentia uma espécie <strong>de</strong> doce inveja<br />

contemplando dois seres felizes. Ao vê-los sorrir, eu dizia:<br />

"Senhor, por que eu não pu<strong>de</strong><br />

<strong>Memórias</strong>

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