Letras Vernáculas - EAD - Uesc
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Sintaxe da Língua Portuguesa<br />
AULA 6<br />
GRAMÁTICA GERATIVA: FUNDAMENTOS<br />
BÁSICOS DE UM MODELO CHAMADO DE<br />
1 INTRODUÇÃO<br />
Gramática Gerativa: fundamentos básicos de um modelo chamado de principios e parâmetros<br />
PRINCPÍPIOS E PARÂMETROS<br />
Na aula passada, você começou a estudar al-<br />
guns dos pressupostos básicos da teoria gerativa, um<br />
Programa de Investigação Científica (cf. Borges<br />
Neto, 2007) que tem como propósito principal compreender<br />
o sistema de conhecimentos interiorizados<br />
na mente humana. Desde a sua criação, no final da<br />
década de 1950, até os dias atuais, Chomsky tem<br />
tentado, a partir dos modelos propostos, explicar a<br />
natureza e o funcionamento de tal sistema.<br />
Na verdade, até o momento, quatro modelos<br />
já foram propostos pelo autor. No primeiro, divulgado<br />
nas obras The logical structure of linguistic theory<br />
(1955) e Syntactic Structure (1957), o autor<br />
lança alguns dos fundamentos básicos que vão caracterizar<br />
a sua teoria. Dentre eles, estão: a concepção<br />
de linguagem enquanto faculdade inata do ser<br />
humano, e língua entendida como um sistema de natureza<br />
computacional (Gramática), como você viu na<br />
aula passada. No segundo modelo, lançado em Aspects<br />
of theory of syntax (1965), o autor apresenta a<br />
chamada teoria-padrão. Desse modelo, destacam-se<br />
as noções de estrutura profunda e estrutura superficial.<br />
No terceiro modelo, divulgado em Lectures on<br />
Governmet and binding (1981), Chomsky reformula<br />
algumas de suas concepções, por exemplo, a de Gramática<br />
Universal, compreendida não mais como um<br />
conjunto de regras, mas de princípios e parâmetros.<br />
Por fim, o quarto modelo, o Programa Minimalista,<br />
Segundo Borges Neto (2007) o modelo proposto<br />
por Chomsky, para explicar a faculdade<br />
da linguagem, se constitui num Programa<br />
de Investigação Científica – PIC<br />
(e não como uma teoria), pois, segundo ele,<br />
(...) o núcleo de um PIC é um conjunto<br />
de proposições que, por decisão metodológica,<br />
são dadas como ‘não-testáveis’,<br />
isto é, proposições que às vezes<br />
são ditas ‘metafísicas’ e que revelam o<br />
ponto de vista que vai orientar a abordagem<br />
do objeto, a própria definição<br />
do objeto de estudos etc. A heurística<br />
de um PIC é um conjunto de regras metodológicas<br />
que nos dizem que direções<br />
devem ser seguidas na busca das ‘explicações’<br />
científicas. A heurística é uma<br />
espécie de ‘política de desenvolvimento’<br />
do programa, ou seja, uma seleção e<br />
ordenação de problemas, um plano que<br />
conduz à sofisticação progressiva dos<br />
modelos explicativos. É um plano que<br />
estabelece uma sequência de modelos<br />
simuladores da realidade, cada vez mais<br />
complexos, profundos e abrangentes<br />
(BORGES NETO, 2007, p. 95).<br />
Ou seja, na visão desse autor, o desafio de<br />
Chomsky é construir um mecanismo teórico<br />
(um sistema computacional) que seja capaz<br />
de “simular” o conhecimento linguístico internalizado<br />
de um falante de uma língua natural.<br />
Esse objetivo consiste, basicamente,<br />
no “núcleo” do programa e, para alcançá-lo,<br />
durante os cinquenta anos de Gramática Gerativa,<br />
várias alterações ocorreram dentro do<br />
mecanismo teórico utilizado sem, contudo,<br />
comprometer o objetivo geral da linguística<br />
chomskyana. Ou seja, o objetivo a ser alcançado<br />
continua o mesmo, apesar das revisões<br />
periódicas sofridas pelo mecanismo teórico<br />
concebido para empreender a tarefa de explicar<br />
o funcionamento da linguagem.<br />
109 Módulo 4 I Volume 2 <strong>EAD</strong>