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Letras Vernáculas - EAD - Uesc

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Sintaxe da Língua Portuguesa<br />

Conforme Berlinck et al (2005),<br />

(...) a Sintaxe como disciplina lingüística<br />

independente data apenas do final<br />

do século XIX (...). Um dos primeiros<br />

indícios do interesse específico pelos<br />

fenômenos sintáticos está no trabalho<br />

de John Ries, Was ist Syntax? (O que<br />

é sintaxe?) de 1894. No entanto, é sobretudo<br />

a partir das idéias do lingüista<br />

suíço Ferdinand de Saussure, no início<br />

do século XX, e das várias aplicações<br />

e desenvolvimentos que delas fizeram<br />

seus seguidores que a Sintaxe foi adquirindo<br />

o estatuto de disciplina autônoma<br />

(p. 209).<br />

Em Linguística I, você conheceu os objetos<br />

de estudo dessas disciplinas. Vamos relembrar!<br />

Fonética e Fonologia são disciplinas<br />

que estudam os sons de uma língua.<br />

A primeira se preocupa, basicamente, em<br />

descrever e analisar os sons (fones) do<br />

ponto de vista da produção (articulatória,<br />

auditiva e acústica); a segunda estuda os<br />

sons (fonema) do ponto de vista de sua<br />

função, dos aspectos interpretativos. Morfologia<br />

tem como objeto de estudo o morfema.<br />

Ela descreve e analisa a combinação<br />

de morfemas na formação de unidades<br />

maiores, como a palavra, por exemplo. A<br />

Semântica é uma disciplina que se preocupa<br />

com o significado das palavras, das<br />

expressões, dos enunciados etc. (CAGLIA-<br />

RI, 1997). Essas disciplinas, ao lado da lexicologia<br />

(que tem como objetivo o estudo<br />

do vocabulário, das palavras que formam<br />

o léxico, compreendido como um repositório<br />

das informações idiossincráticas da<br />

língua) fazem parte do “núcleo duro” (do<br />

inglês hard-core) da linguística. Conforme<br />

Weedwood (2002), essas disciplinas que<br />

compõem esse núcleo (denominado de microlinguística)<br />

“representam boa parte do<br />

conjunto mais antigo e tradicional de estudos<br />

da linguagem: basta ver que boa parte<br />

da terminologia técnica empregada na<br />

microlingüística (...) remonta aos estudos<br />

lingüísticos da Antigüidade Greco-romana”<br />

(p. 12).<br />

Sintaxe: objeto de estudo e perspectiva gramatical<br />

2 DEFININDO O OBJETO DE ESTUDO<br />

DA SINTAXE<br />

Tradicionalmente, sintaxe (do grego syntaxis<br />

– ordem, disposição) corresponde a um dos<br />

níveis de análise de uma língua, que tem como<br />

objetivo principal descrever as regras responsáveis<br />

pela formação de uma sentença. Trata-se<br />

de uma das ramificações da Linguística que, ao<br />

lado da fonética, da fonologia, da morfologia<br />

e da semântica (disciplinas que compõem<br />

o chamado “núcleo duro” dessa ciência), se preocupa,<br />

basicamente, em compreender a organização<br />

e o funcionamento das estruturas e os diversos<br />

fenômenos gramaticais que caracterizam<br />

as línguas naturais. Essas disciplinas dão conta<br />

“da estrutura interna de uma língua – aquilo que<br />

a distingue das outras línguas do mundo, e que<br />

não decorre diretamente de condições da vida<br />

social ou do conhecimento do mundo” (PERINI,<br />

1996, p. 50).<br />

Embora cada uma dessas disciplinas tenha<br />

o seu objeto específico de análise (que pode<br />

ser estudado sob diferentes pontos de vistas),<br />

é importante destacar que elas tratam de níveis<br />

que atuam em conjunto, possibilitando a formação<br />

das sentenças de uma língua. Para entender<br />

isso, vamos a um exemplo:<br />

(1) José gosta de doce.<br />

Analisando, primeiro, a palavra “José”,<br />

você deve notar que há uma regra que obriga<br />

o falante, primeiramente, a pronunciar a sílaba<br />

jo e depois, se. A propósito da primeira sílaba,<br />

também há uma regra que determina a ocorrência,<br />

primeiro, da consoante j e depois, da vogal<br />

o, que pode tanto ser pronunciada como [o] ou<br />

como [u]. Já em “gosta”, você deve observar que<br />

a vogal o não é pronunciada como [u]. Percebeu?<br />

Sobre a vogal e, em “José”, ela é pronunciada de<br />

forma aberta [é]; em “de” e “doce”, ela pode ser<br />

20 Módulo 4 I Volume 2 <strong>EAD</strong>

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