Letras Vernáculas - EAD - Uesc
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Sintaxe da Língua Portuguesa<br />
Sintaxe: objeto de estudo e perspectiva gramatical<br />
sintático. Trata-se de uma regra a qual o falante recorre conforme as<br />
necessidades de comunicação.<br />
Conhecimentos desse tipo fazem parte da chamada gramática<br />
internalizada, definida como o “conjunto de regras que o falante domina”<br />
(POSSENTI, 1998, p. 69). Nesta concepção, regra corresponde<br />
à regularidade e não tem conotação valorativa. Segundo esse autor,<br />
“seguir uma ou outra regra não indica menor ou maior inteligência,<br />
maior ou menor sofisticação mental ou capacidade comunicativa” (p.<br />
74). Em outras palavras, o falante que produz 8c, forma não recomendada<br />
pela gramática normativa, não é menos inteligente que<br />
quem produz 8b. A diferença está apenas na representação do objeto.<br />
Cada um desses falantes tem à disposição um conjunto de regras<br />
que é acionado conforme as circunstâncias. Se se trata de um falante<br />
que nunca frequentou uma escola, e que não conhece bem a chamada<br />
língua culta, certamente acionará a regra ilustrada em 8c, e não<br />
aquela ilustrada em 8b; regra esta que se espera, normalmente, de<br />
um falante que tem o conhecimento da prescrição tradicional.<br />
Bem, como você viu, falamos de dois tipos de gramática: normativa<br />
e internalizada. Ao lado destas, encontramos também a chamada<br />
gramática descritiva, definida por Possenti como o “conjunto de<br />
regras que são seguidas” (p. 65). Segundo ele, é essa gramática “que<br />
orienta o trabalho dos lingüistas, cuja preocupação central é tornar<br />
conhecidas, de forma explícita, as regras de fato utilizadas pelos falantes<br />
– daí a expressão ‘regras que são seguidas’” (p. 65).<br />
Segundo Perini (1976), a gramática descritiva é resultante da<br />
observação direta do que se diz ou se escreve na realidade. Ao linguista,<br />
cabe o papel de descrever e explicar (por meio de uma teoria)<br />
as regras responsáveis pelo funcionamento da língua. Nenhum dado<br />
linguístico deixará de ser considerado na descrição, pois o pressuposto<br />
básico é: se é produzido, é porque o falante tem conhecimento<br />
sistemático de regras. Portanto, compreender e explicar o funcionamento<br />
dessas regras é o que motiva, basicamente, os linguistas<br />
a empreenderem diferentes propostas, como, por exemplo, a que<br />
você conhecerá nesta disciplina: a da gramática gerativa. Antes de<br />
apresentá-la a você, terá a oportunidade de refletir, um pouco, sobre<br />
o que a perspectiva tradicional nos oferece sobre o funcionamento da<br />
linguagem no que diz respeito à sintaxe da língua portuguesa e aos<br />
fenômenos que a envolvem.<br />
26 Módulo 4 I Volume 2 <strong>EAD</strong>