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Letras Vernáculas - EAD - Uesc

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Sintaxe da Língua Portuguesa<br />

Quando se fala em ambiguidade,<br />

logo se pensa<br />

em contexto. Por quê?<br />

Porque é ele o responsável<br />

por desfazer, normalmente,<br />

esse tipo de<br />

problema. No entanto, há<br />

diferentes tipos de ambiguidades.<br />

Por exemplo,<br />

temos a lexical e a estrutural.<br />

A lexical é decorrente,<br />

como o próprio<br />

nome diz, do próprio item<br />

lexical. Veja os exemplos<br />

abaixo:<br />

a) João caiu do cavalo.<br />

b) A manga é verde.<br />

Nesses casos, somente o<br />

contexto pode determinar<br />

se “João” caiu mesmo,<br />

literalmente, do cavalo,<br />

ou se ele se deu mal<br />

em alguma coisa; se estamos<br />

falando da “manga”<br />

fruta ou da “manga”<br />

da blusa, por exemplo.<br />

Quanto à ambiguidade<br />

estrutural, o contexto<br />

também a desfaz. No entanto,<br />

a sintaxe a resolve<br />

quando recorre às representações<br />

arbóreas, pois,<br />

por meio delas, é possível<br />

representar, independentemente<br />

do contexto, as<br />

leituras correspondentes.<br />

A organização e a constituição das sentenças: aprendendo a “plantar árvores” - Parte II<br />

2 AMBIGUIDADE ESTRUTURAL<br />

Esse tipo de ambiguidade é causada “pela possibilidade de<br />

estarmos diante de duas ou mais estruturas sintáticas distintas” (NE-<br />

GRÃO et al. 2003, p. 93), como você pode ver na sentença abaixo:<br />

(1) O público aplaudiu a cena do balcão.<br />

Numa leitura, o público estava no balcão e aplaudiu a cena<br />

que se passava em outro local. Numa segunda, o público, de outro<br />

local, aplaudiu a cena que se passava no balcão. Você percebe que a<br />

ambiguidade é proveniente da posição que ocupa o constituinte “do<br />

balcão”? Pois bem, se ele estivesse em outro lugar na sentença, esse<br />

tipo de ambiguidade não ocorreria. Veja 2:<br />

(2) a. Do balcão, o público aplaudiu a cena.<br />

b. O público aplaudiu, do balcão, a cena.<br />

Saiba que há ainda uma outra possibilidade, e até mais sim-<br />

ples, para desambiguizar a sentença. Pode manter, inclusive, a mes-<br />

ma ordem de 1. Veja:<br />

(3) O público aplaudiu a cena, do balcão.<br />

Identificou a estratégia? Pois é, a pontuação (no caso, a co-<br />

locação da vírgula) delimita a extensão do constituinte “a cena”. A<br />

única leitura que suscita 3, assim como 2, é a de que o público estava<br />

no balcão e aplaudiu a cena que se passava em outro local.<br />

Vamos a mais um caso:<br />

(4) O juiz julgou o réu inocente.<br />

Qual constituinte promove a ambiguidade? Se notou que é<br />

“inocente”, percebeu que as leituras podem ser: o juiz julgou o réu<br />

que era inocente; ou o juiz julgou como inocente o réu. “Quando o<br />

adjetivo inocente não pertence ao sintagma nominal (...) ele representa<br />

o verdedicto do juiz; quando pertence ao sintagma nominal<br />

(...) o veredicto do juiz não é expresso na sentença” (MIOTO et al.<br />

1999, p. 46). Você deve perceber que a ambiguidade é decorrente<br />

do fato de não ficar claro se “inocente” forma unidade ou não com o<br />

sintagma “o réu”. Como viu acima, a mudança de posição do constituinte<br />

que gera a ambiguidade e a pontuação são estratégias que<br />

182 Módulo 4 I Volume 2 <strong>EAD</strong>

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