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Letras Vernáculas - EAD - Uesc

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Sintaxe da Língua Portuguesa<br />

“casa”. Esse tipo de compreensão, segundo Perini (2006, p.<br />

46),<br />

(...) se deve ao fato de que o receptor, ao<br />

receber uma seqüência de palavras, procura<br />

organizá-la de acordo com seus conhecimentos<br />

da língua (e do mundo). Isso se faz em várias<br />

frentes: o receptor procura na seqüência<br />

estruturas sintáticas corretas da língua,<br />

e também procura evitar seqüências cuja<br />

interpretação seja absurda ou implausível.<br />

Esse mesmo autor também chama a atenção para o fato<br />

de que o contexto sintático é determinante para a função específica<br />

do constituinte. Por exemplo, uma sequência como<br />

(4) João e Maria<br />

A organização e a constituição de uma sentença:<br />

começando a compreender “sintaxe” a partir de uma perspectiva formal<br />

pode ou não ser um constituinte, mas vai depender do contexto<br />

sintático em que ocorre. Observe, por exemplo, as sentenças<br />

abaixo:<br />

(5) a. João e Maria estão namorando.<br />

b. Pedro convidou João e Maria para uma festa.<br />

c. Pedro convidou João e Maria veio também.<br />

Certamente, você nota que em 5a e 5b “João e Maria”,<br />

pela posição que ocupam, realmente formam um constituinte<br />

sintático. Todavia, em 5c, o mesmo não acontece. Em 5a e 5b,<br />

a conjunção “e” coordena dois nomes para formar um constituinte<br />

maior. Em 5a, tal constituinte é o sujeito; em 5b, o objeto.<br />

Já em 5c, o “e” coordena duas sentenças. “João”, por sua<br />

vez, é um constituinte da primeira sentença (Pedro convidou<br />

João), e “Maria”, da segunda (Maria veio também). Como pode<br />

ver, uma estrutura não é apenas uma sequência de elementos:<br />

“é, entre outras coisas, uma hierarquia de constituintes. ‘Constituinte’<br />

é uma noção estrutural, e só faz sentido dentro de uma<br />

estrutura” (PERINI, 2006, p. 104).<br />

A propósito da noção de constituinte, veja o que dizem<br />

Mioto et al. (1999, p. 45-46):<br />

Um constituinte é uma unidade sintática<br />

construída hierarquicamente embora se<br />

apresente aos olhos como uma seqüência de<br />

letras ou aos ouvidos como uma seqüência<br />

Para você compreender esse<br />

processo de formação de sentenças,<br />

vou falar de uma propriedade<br />

das línguas naturais,<br />

chamada de recursividade.<br />

Para entendê-la, considere os<br />

exemplos abaixo:<br />

a. João e Maria foram à praia.<br />

b. João, Maria e Sandra foram<br />

à praia.<br />

c. João, Maria, Sandra e Paulo<br />

foram à praia.<br />

d. João, filho de Maria, ganhou<br />

na loteria.<br />

e. João, filho de Maria, que<br />

é casado com Sandra, ganhou<br />

na loteria.<br />

f. João, filho de Maria, que é<br />

casado com Sandra, uma<br />

moça simples, ganhou na<br />

loteria.<br />

Como você deve ter percebido,<br />

a extensão das frases foi<br />

ampliando-se a partir do encaixamento<br />

de determinadas<br />

palavras e de determinados<br />

constituintes. Essa propriedade<br />

coloca em evidência a competência<br />

linguística do falante,<br />

que lhe permite produzir uma<br />

sentença curta ou longa. Conforme<br />

Perini (1989, p. 205) a<br />

recursividade é “uma propriedade<br />

altamente relevante, pois<br />

é principalmente graças a ela<br />

que se torna possível gerar um<br />

número potencialmente infinito<br />

de frases nas línguas humanas”.<br />

131 Módulo 4 I Volume 2 <strong>EAD</strong>

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