Letras Vernáculas - EAD - Uesc
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Sintaxe da Língua Portuguesa<br />
Convém lembrar você que a<br />
teoria gerativa não nega o papel<br />
do meio ambiente no processo<br />
de aquisição da linguagem.<br />
Ela só não o considera<br />
determinante. A propósito<br />
disso veja o que diz Raposo<br />
(1992, p. 36):<br />
Em primeiro lugar, a fala<br />
das pessoas que rodeiam<br />
a criança e suas experiências<br />
verbais são determinantes<br />
para iniciar o<br />
funcionamento do mecanismo<br />
de aquisição, sem<br />
no entanto determinar as<br />
propriedades finais atingidas<br />
pelo sistema gramatical.<br />
Ou seja, sem estar<br />
imersa num ambiente<br />
lingüístico, uma criança<br />
não aprende a falar. Em<br />
segundo lugar, os meios<br />
lingüístico, emocional e<br />
educativo são factores<br />
que determinam o grau<br />
de desenvolvimento da<br />
linguagem pela criança<br />
sem que isso signifique,<br />
de novo, que determinam<br />
a direcção do desenvolvimento<br />
ou o conteúdo<br />
final do sistema.<br />
Ou seja, não pense você que,<br />
se isolarmos uma criança (de<br />
qualquer contato linguístico),<br />
ela aprenderá a falar uma língua,<br />
já que tem um dispositivo<br />
inato. Não é bem assim!<br />
Esse dispositivo precisa, sim,<br />
ser acionado. E isso é feito a<br />
partir do contato linguístico.<br />
Que fique claro isso, hein!<br />
Gramática Gerativa: fundamentos básicos de um modelo chamado de principios e parâmetros<br />
2.3 A aquisição da linguagem nesse novo modelo<br />
A aquisição da linguagem sempre foi um dos assuntos de<br />
destaque do quadro teórico da gramática gerativa. Afinal, um dos<br />
objetivos principais de Chomsky é explicar o conhecimento internalizado<br />
que o falante tem de sua língua. Para tanto, deve-se<br />
recorrer ao estágio inicial de aquisição para tentar compreender<br />
“como as crianças aprendem uma língua” (MIOTO, 1995, p. 75).<br />
Como você já sabe, para Chomsky, a criança já nasce<br />
preparada para a aquisição da língua, pois já tem em sua mente<br />
um dispositivo que lhe permite colocar em prática todo o conhecimento<br />
internalizado que tem de uma língua. Um dos fatos que<br />
confirmam a natureza desse saber envolve o tempo, relativamente<br />
curto (aproximadamente um mesmo período de tempo<br />
para todas as crianças, salvo se não há sérias complicações patológicas),<br />
que a criança leva para aprender uma língua. Além<br />
disso, “o conhecimento adquirido é de grande riqueza e complexidade,<br />
apesar de os dados a que as crianças têm acesso serem<br />
parciais, pobres, limitados. Isto é, as crianças sabem mais do<br />
que os dados lhes deixam saber” (MIOTO, 1995, p. 76).<br />
No modelo de princípios e parâmetros, a criança não é<br />
mais vista como uma “pequena linguista”, que constrói e reconstrói<br />
as hipóteses de funcionamento de uma língua. No novo modelo,<br />
ela passa a ser “a acionadora dos botões [+ ou -] dos parâmetros”<br />
(KATO, 1995, p. 66). Traduzindo melhor: todas as crianças,<br />
quando nascem, partilham de princípios comuns que regem<br />
a organização das estruturas linguísticas. Além desses princípios<br />
(considerados rígidos), há um sistema de princípios abertos, os<br />
parâmetros, cujos valores vão sendo determinados durante a<br />
aquisição. A propósito disso, Berlinck et al. (2001, p. 214-215)<br />
complementam:<br />
Acredita-se, assim, que a criança, ao adquirir<br />
um sistema lingüístico específico, já traga<br />
algumas informações gerais acerca da natureza<br />
da linguagem – relacionadas aos princípios<br />
universais e aos possíveis parâmetros de<br />
variação – e, ate os dados a que está exposta<br />
(input), selecionara, entre as opções disponíveis,<br />
aquela que se adéqua a tais dados.<br />
Vamos entender melhor! Como você já viu acima, a Gramática<br />
Universal contém um princípio que determina que “toda<br />
sentença tem sujeito”. Mas essa mesma gramática põe<br />
116 Módulo 4 I Volume 2 <strong>EAD</strong>