Letras Vernáculas - EAD - Uesc
Letras Vernáculas - EAD - Uesc
Letras Vernáculas - EAD - Uesc
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Sintaxe da Língua Portuguesa<br />
Como você está vendo,<br />
a definição do objetivo é<br />
o primeiro passo para a<br />
classificação. Feito isso,<br />
as classes propostas<br />
precisam seguir critérios<br />
pertinentes, coerentes<br />
com a descrição a ser<br />
apresentada. É isso que<br />
falta, normalmente, na<br />
descrição tradicional. A<br />
propósito, Perini (1996,<br />
p. 319) afirma: “as classes<br />
tradicionais não são<br />
estabelecidas segundo<br />
critérios de coerência e<br />
relevância gramatical”.<br />
Se você não conseguir<br />
identificar a função de até<br />
em 3c, recomendo que<br />
leia o artigo de Christiana<br />
Lourenço Leal, intitulado<br />
“A gramaticalização<br />
do item até”, disponível<br />
no seguinte endereço:<<br />
http://www.filologia.org.br/<br />
xicnlf/12/index.htm>Tratase<br />
de uma abordagem<br />
bastante interessante,<br />
pois a autora mostra outras<br />
funções de uma palavra<br />
como até, que não<br />
são abordadas tradicionalmente.<br />
Classes e Funções<br />
Com o objetivo definido, parte-se para a classificação, que,<br />
basicamente, é feita a partir de critérios que determinam o potencial<br />
funcional de uma palavra; ou seja, agrupam-se as palavras que têm<br />
propriedades semelhantes. Por exemplo, agrupamos “fizera” e “tinha<br />
feito” numa mesma categoria, porque ambas denotam o tempo<br />
passado. De outro lado, agrupamos “estudará” e “vai estudar”, pois<br />
denotam o tempo futuro. Todas as quatro formas são agrupadas, por<br />
sua vez, na categoria verbos, pois partilham propriedades de mesma<br />
natureza: são palavras que flexionam em tempo, modo, número e<br />
pessoa.<br />
Você percebeu que a definição do objetivo é crucial para a<br />
classificação de uma palavra? Você a classifica observando propriedades<br />
em comuns, a partir de uma determinada perspectiva. Como<br />
você já sabe, no nível da sintaxe, classificamos as palavras conforme<br />
as relações estabelecidas entre elas: sujeito e verbo mantêm uma<br />
relação estreita; verbo e seus complementos também. O tipo de relação<br />
é, portanto, um critério adotado para se falar em sujeito e predicado,<br />
por exemplo.<br />
2.1 A classificação tradicional: alguns problemas<br />
Dentre os problemas que envolvem a classificação tradicional,<br />
vamos destacar, aqui, três, conforme Perini (2008, p. 83): “o uso de<br />
sistemas simples de classificação; a falta de critério nas subclassificações;<br />
e classes do tipo ‘cesta de lixo’ (por exemplo, advérbios e<br />
pronomes)”. Vamos entender cada um desses problemas!<br />
Quanto ao uso de sistemas simples de classificação, a gramática<br />
tradicional, quando apresenta a sua proposta de descrição,<br />
subestima a riqueza e a complexidade da língua. Para entender o que<br />
estamos falando, veja os exemplos abaixo:<br />
(3) a. Maria foi até o portão da casa do vizinho.<br />
b. Maria continua estudando até agora.<br />
c. João prefere acreditar até na Maria do que na própria<br />
mãe.<br />
A que categoria gramatical pertence o item até? Pelo conhecimento<br />
que você já tem de gramática descritiva, sabe que até é classificado<br />
como preposição, que expressa a noção de limite espacial e<br />
temporal, como ilustram, respectivamente 3a e 3b. Mas, e em 3c, que<br />
noção está sendo expressa pelo até? Certamente, você percebe que<br />
42 Módulo 4 I Volume 2 <strong>EAD</strong>