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Letras Vernáculas - EAD - Uesc

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Sintaxe da Língua Portuguesa<br />

habilidade e comportamento (por exemplo, andar de<br />

bicicleta, fazer acrobacias e dançar), pois se trata do<br />

acúmulo de comportamentos verbais.<br />

Esse pressuposto é negado, todavia, por<br />

Chomsky, em 1959, quando resenha o livro de Skinner,<br />

intitulado Comportamento Verbal. Nela, o autor defende<br />

que a linguagem não é aprendida por imitação,<br />

não é determinada pelo mundo exterior, mas que é resultante<br />

de um dispositivo inato, uma dotação genética<br />

e, por isso, interna ao organismo humano. O autor não<br />

nega, entretanto, a importância do meio ambiente na<br />

aquisição da linguagem, só não o considera como determinante,<br />

como pregavam os behavioristas.<br />

2.1 Língua: um sistema de representação<br />

mental<br />

Gramática Gerativa: fundamentos epistemológicos básicos<br />

Para o autor da teoria gerativa, o dispositivo que<br />

possibilita a aquisição de uma língua corresponde a um<br />

sistema mental, de natureza computacional, capaz de<br />

gerar um conjunto (finito ou infinito) de orações gramaticais<br />

(bem formadas), cada uma finita em seu comprimento<br />

e construída a partir de um conjunto finito de<br />

elementos. A esse sistema computacional, existente na<br />

mente de todo ser humano, dá-se o nome de “gramática”,<br />

compreendida como o conhecimento internalizado<br />

das formas e das regras que determinam o funcionamento<br />

de uma língua. Em outras palavras, esse sistema<br />

consiste, por um lado, num “dicionário mental” das<br />

formas da língua e, por outro, num conjunto de regras<br />

que atuam de modo computacional sobre as formas, ou<br />

seja, esse sistema chamado de gramática permite gerar<br />

(...) representações mentais constituídas<br />

por combinações categorizadas<br />

das formas lingüísticas. Estas representações<br />

determinam de uma forma<br />

muito explícita as propriedades fonológicas<br />

e sintácticas das expressões da<br />

língua, assim como aquelas propriedades<br />

semânticas que são derivadas directamente<br />

a partir das propriedades<br />

sintácticas (RAPOSO, 1992, p.29).<br />

Conforme Scarpa (2001), foi tal resenha<br />

que lançou Chomsky no debate científico<br />

de sua época. O então jovem autor se<br />

posicionou contra a visão ambientalista<br />

de aprendizagem da linguagem,<br />

(...) argumentando que as estruturas<br />

de condicionamento e de<br />

aprendizagem, segundo as quais<br />

um modelo A é reproduzido, pelo<br />

aprendiz, por mecanismos de<br />

contingenciamento ou imitação,<br />

como A’, nem de longe começa a<br />

explicar a complexidade e a sofisticação<br />

do conhecimento lingüístico<br />

(...) que tem bases biológicas<br />

(porque genéticas) e, portanto,<br />

são manifestações da faculdade<br />

da linguagem. (p. 207).<br />

Para você entender melhor a ideia de<br />

“gerar” (da qual surge o nome da teoria),<br />

veja o que diz Lyons (1987, p. 124):<br />

O termo ‘gerar’, usado na definição,<br />

deve ser tomado exatamente no<br />

mesmo sentido que tem em matemática.<br />

A título de ilustração: dado que x<br />

pode assumir o valor de qualquer número<br />

natural {1, 2, 3...}, a função x 2<br />

+ x + 1 (a qual podemos considerar<br />

como um conjunto de regras ou operações)<br />

gera o conjunto {3, 7, 13...}.<br />

É neste sentido abstrato, ou estático,<br />

que se diz que as regras da gramática<br />

gerativa geram as sentenças da<br />

língua (...) Uma gramática gerativa é<br />

uma especificação matematicamente<br />

precisa da estrutura gramatical das<br />

sentenças que gera.<br />

Vale lembrá-lo (a) que gramática,<br />

aqui, nada tem a ver com prescrições<br />

normativas, como aquelas que você encontra<br />

nas gramáticas tradicionais. Na<br />

teoria, gramática corresponde, grosso<br />

modo, a um computador, que, quando<br />

acionado, gera todas as sentenças de<br />

uma língua. O papel de um linguista,<br />

neste caso, é compreender o conhecimento<br />

especializado que o falante tem<br />

da sua língua; ou seja, como tal conhecimento<br />

é constituído, adquirido e<br />

usado.<br />

95 Módulo 4 I Volume 2 <strong>EAD</strong>

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