30.05.2013 Views

Letras Vernáculas - EAD - Uesc

Letras Vernáculas - EAD - Uesc

Letras Vernáculas - EAD - Uesc

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Sintaxe da Língua Portuguesa<br />

A organização e a constituição das sentenças: aprendendo a “plantar árvores” - Parte II<br />

promovem a desambiguização, como você pode ver em 5:<br />

(5) a. Inocente, o juiz julgou o réu.<br />

b. O juiz julgou o réu, inocente.<br />

A propósito desse tipo de ambiguidade, veja o que dizem Ne-<br />

grão et al. (2003, p. 93):<br />

Muitos poderiam argumentar que essa ambigüidade<br />

só existe porque a sentença está fora do contexto.<br />

Em contextos apropriados, ela deixaria de ser<br />

ambígua: um contexto específico nos levaria a uma<br />

interpretação e não a outra. Isso não deixa de ser<br />

verdade. Entretanto, a sintaxe tem como um de<br />

seus objetivos o estabelecimento de princípios gerais<br />

que se apliquem de maneira uniforme a um tipo de<br />

sentença, independentemente do contexto particular<br />

em que ela foi enunciada. Portanto, sua análise não<br />

vai poder se basear nas variáveis de contexto, que<br />

são inúmeras, e, por essa razão, resistem a uma<br />

generalização.<br />

O que as autoras destacam é que, sem dúvida, o contexto desempenha<br />

um papel importante na leitura que se quer promover. No<br />

entanto, o que se pode depreender por meio da sintaxe, independentemente<br />

de contextos, é que a ambiguidade de sentenças como 1 e 3<br />

está associada a diferentes estruturas. E desse tipo de ambiguidade,<br />

a sintaxe, por meio das representações arbóreas, dá conta, como<br />

você verá na seção a seguir.<br />

3 AMBIGUIDADE ESTRUTURAL: REPRESENTAÇÕES EM<br />

“ÁRVORES”<br />

Vamos ver como podemos desambiguizar uma sentença como<br />

1, repetida aqui em 6:<br />

(6) O público aplaudiu a cena do balcão.<br />

Para tanto, primeiro, vamos construir a paráfrase (7) que cor-<br />

responderá à leitura que será representada em 7a:<br />

(7) O público aplaudiu, do balcão, a cena.<br />

O que ilustramos nesta<br />

seção corresponde ao que<br />

Chomsky (1975) chama<br />

de dualidade de interpretação<br />

e dualidade de<br />

análise. Segundo o autor,<br />

refletir a dupla interpretação<br />

de frases como a que<br />

apresentamos aqui implica<br />

em<br />

(...) lhes associar descrições<br />

distintas em<br />

termos da sua estrutura<br />

de constituintes. Se<br />

não considerássemos<br />

que as frases se organizam<br />

numa estrutura<br />

hierárquica de constituintes<br />

do tipo da que<br />

acabamos de analisar<br />

não teríamos qualquer<br />

meio de representar a<br />

intuição do falante (p.<br />

20).<br />

183 Módulo 4 I Volume 2 <strong>EAD</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!