Letras Vernáculas - EAD - Uesc
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Sintaxe da Língua Portuguesa<br />
Os Sintagmas: tipos e propriedades<br />
palavra (ou mesmo de um outro constituinte) que pode<br />
ocorrer ao seu lado, bem como a relação que será estabelecida<br />
entre eles.<br />
Vamos entender melhor! Em 4b, você nota que o<br />
núcleo “filho” é precedido por um artigo, o, e seguido por<br />
um outro constituinte, de João, que também é formado por<br />
dois núcleos: a preposição “de” e o nome “João”. Observe<br />
que a organização segue uma ordem, o filho de João, onde<br />
cada um dos elementos mantém, com o núcleo, um tipo<br />
de relação. Isto é, o artigo o só pode estabelecer relação<br />
com “filho” desde que ocorra na posição precedente ao núcleo.<br />
Por outro lado, de João, considerado pela gramática<br />
tradicional como um adjunto adnominal, só pode estabelecer<br />
relação se ocorrer na posição posposta. Essa noção se<br />
confirma dada as impossibilidades ilustradas abaixo:<br />
(5) a. *filho o de João.<br />
b. *de João o filho.<br />
Para você, ficou claro que o sintagma “o filho de<br />
João” é organizado a partir do nome “filho”? E que é este<br />
nome que determina em que posição os outros elementos<br />
devem ocorrer? Se ficou, então compreenderá as unidades<br />
formadas em 4c e em 4d: esse/aquele filho e o seu filho,<br />
respectivamente.<br />
Em 4, você viu um tipo de composição do sintagma<br />
nominal. Saiba que outras combinações são possíveis.<br />
Veja, por exemplo, 6:<br />
(6) a. O rapaz doente...<br />
b. O rapaz que estava doente...<br />
c. Os dois rapazes...<br />
d. Aqueles dois rapazes...<br />
e. O rapaz de camisa azul...<br />
Como vê, todas essas composições sintagmáticas<br />
foram organizadas e estruturadas em torno do núcleo nominal:<br />
rapaz/rapazes. Além de poder ocorrer desempenhando<br />
a função de sujeito, como viu em 4, o sintagma<br />
nominal pode desempenhar, também, a função de objeto<br />
ou a de complemento de uma preposição, como mostram<br />
7 e 8, respectivamente:<br />
Com relação aos elementos que<br />
precedem o sintagma nominal,<br />
chamados normalmente de determinantes,<br />
é interessante observar<br />
que eles têm uma posição fixa<br />
na estrutura da qual fazem parte.<br />
Para entender isso, observe os<br />
contrastes abaixo:<br />
a. O filho<br />
b. O meu/seu filho<br />
c. * Meu/seu o filho<br />
d. Os meus/seus dois filhos<br />
e. Estes meus/seus dois filhos<br />
f. * Dois os meus/seus filhos<br />
g. *Dois estes meus/seus filhos<br />
h. Todos os meus filhos<br />
i. Nenhum dos meus filhos<br />
j. *Os todos meus filhos<br />
k. * Dos meus nenhum filhos<br />
Você notou que não é em qualquer<br />
posição precedente ao nome<br />
que esses determinantes ocorrem?<br />
Isso indicia que eles impõem<br />
restrições quanto ao lugar que realmente<br />
podem ser licenciados.<br />
A propósito, Silva e Koch (1995)<br />
explicam: quando o determinante<br />
for simples, pode ser representado<br />
por um artigo (as crianças),<br />
um numeral (duas crianças) ou<br />
um pronome adjetivo (estas/minhas<br />
crianças). Quando constituir<br />
por mais de um elemento, a estrutura<br />
será a seguinte: pré-det /<br />
det-base / pós-det. Observe que<br />
há um determinante central; e é<br />
ele o responsável por limitar as<br />
posições dos outros determinantes.<br />
Na estrutura “os meus dois”,<br />
funciona como det-base o demonstrativo<br />
meu; como pré-det,<br />
o artigo o; e pós-det, o numeral<br />
dois. “Funcionam, geralmente,<br />
como pós-determinantes, os numerais<br />
e os possessivos (...) e<br />
como pré-determinantes, certos<br />
tipos de expressões indefinidas<br />
(...)” (KOCH; SILVA, 1995, p. 17).<br />
149 Módulo 4 I Volume 2 <strong>EAD</strong>