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Letras Vernáculas - EAD - Uesc

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Sintaxe da Língua Portuguesa<br />

Com o princípio enunciado<br />

aqui, de que toda sentença<br />

deve ter sujeito,<br />

você deve estar perguntando:<br />

mas, e a oração<br />

sem sujeito? Como explicar<br />

a sentença “está chovendo”?<br />

Pois bem, você<br />

tem razão! Conforme a<br />

gramática tradicional,<br />

trata-se de uma oração<br />

sem sujeito. No entanto,<br />

quando traduzimos essa<br />

mesma sentença para o<br />

inglês, veja como fica: It<br />

is raining. O it que aparece<br />

nessa língua corresponde<br />

a um sujeito. Sem ele,<br />

a sentença é agramatical:<br />

*is raining. Mas, e o português?<br />

Pois bem, nesta<br />

língua, o sujeito nesse tipo<br />

de sentença não é realizado<br />

explicitamente.<br />

Gramática Gerativa: fundamentos básicos de um modelo chamado de principios e parâmetros<br />

Como você vê, uma sentença que não atende a um parâmetro<br />

pode ser agramatical em uma língua (inglês) e gramatical em outra<br />

(português). Esta última admite duas possibilidades de realização do<br />

sujeito: explícito (11a) e não-explícito (11b). Já a língua inglesa, por<br />

sua vez, admite apenas uma única forma de realização do sujeito:<br />

explícito (10a).<br />

Esses exemplos evidenciam, por um lado, a existência de um<br />

princípio que determina que toda sentença deve ter sujeito. Por<br />

outro, um parâmetro que permite o apagamento ou não do sujeito<br />

(parâmetro do sujeito nulo). O parâmetro possibilita dois valores:<br />

um positivo e outro negativo. No caso do inglês, os contrastes em 8<br />

e 10 indiciam a escolha do parâmetro negativo (não permite o sujeito<br />

nulo); no caso do português, 9 e 11 apontam que tal língua tem a<br />

opção de escolher o valor positivo (permite o sujeito nulo).<br />

Em outras palavras, se a criança estiver exposta à língua portuguesa,<br />

terá evidências de que a língua assume o valor positivo do<br />

parâmetro: o sujeito pode ser apagado. Se ela estiver em contato<br />

com a língua inglesa, terá evidências na direção oposta e marcará o<br />

valor negativo do parâmetro: o sujeito não pode ser apagado.<br />

Saiba você que um parâmetro não se aplica necessariamente<br />

a diferentes línguas. Podemos observar a ocorrência dele numa mesma<br />

língua. No português, em particular, podemos destacar inúmeros<br />

parâmetros que revelam as diferenças e particularidades dessa língua.<br />

Um deles, por exemplo, diz respeito às formas de realização do<br />

objeto direto, objeto este exigido, por exemplo, por um verbo como<br />

ver, como ilustram os exemplos abaixo:<br />

(12) a. João viu Maria.<br />

b. João a viu.<br />

c. João viu ela.<br />

d. João viu Ø.<br />

Como você já sabe, o objeto pode ser representado por um<br />

nome como Maria (12a), por um clítico (pronome átono) (12b), por<br />

um pronome tônico (12c) e por um objeto nulo (apagado) (12d). Todas<br />

essas sentenças são gramaticais porque fazem parte do conjunto<br />

de estruturas possíveis da língua portuguesa. Esta, por sua vez, permite<br />

a aplicação tanto do valor positivo quanto do negativo quando<br />

o elemento sintático em questão é o “objeto direto”: permite a realização<br />

e a não-realização do objeto. Quando ele é realizado, o falante<br />

pode recorrer a três formas de representação: nome (12a), clítico<br />

(12b) e pronome tônico (12c). Ao falante, cabe escolher a forma mais<br />

114 Módulo 4 I Volume 2 <strong>EAD</strong>

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