Letras Vernáculas - EAD - Uesc
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Sintaxe da Língua Portuguesa<br />
Sintaxe tradicional: problemas de ordem conceitual e estrutural - Parte II<br />
verdade, nenhuma! Para entender essa questão, considere os contrastes<br />
abaixo:<br />
(9) a. João estudou, mas não passou no vestibular.<br />
b. * Mas não passou no vestibular, João estudou.<br />
(10) a. João não passou no vestibular pois não estudou o<br />
suficiente.<br />
b.* Pois não estudou o suficiente, João não passou no<br />
vestibular.<br />
Se as duas sentenças são independentes, como prescreve a<br />
GT, poderíamos aplicar o teste da inversão e comprovar se realmente<br />
a afirmação é verdadeira. No entanto, como você vê nos contrastes<br />
acima, a inversão torna as sentenças agramaticais, evidenciando que<br />
elas são, na verdade, dependentes sintaticamente e só têm sentido<br />
conforme a hierarquização que ilustram 9a e 10a.<br />
Além disso, que independência existe em “mas não passou no<br />
vestibular” e em “pois não estudou o suficiente”? “A comunicação de<br />
um sentido completo só se fará com o auxílio de outro enunciado”<br />
(GARCIA, 1988, p. 22): João estudou e João não passou no vestibular,<br />
respectivamente.<br />
Pelas palavras desse autor, podemos afirmar que a segunda<br />
oração é dependente da primeira, e vice-versa. Elas só têm sentido<br />
se consideradas juntas, formando uma unidade maior.<br />
3.2 Subordinação ou hipotaxe: relação de dependência?<br />
A subordinação, por sua vez, é um mecanismo que se aplica<br />
para interligar duas orações, que, segundo a GT, não são da mesma<br />
natureza. Conforme Cunha e Cintra (1985), a primeira oração, que<br />
contém a informação principal do período, “rege-se por si, e não desempenha<br />
função sintática em outra oração do período; chama-se,<br />
por isso, oração principal” (p. 579). Também, nessa mesma página,<br />
afirmam que “a segunda oração tem sua existência dependente da<br />
primeira (...)”.<br />
Como você pode ver, a subordinação, ao contrário da coordenada,<br />
é descrita como dependente. Pois bem, vamos aplicar, novamente,<br />
o teste da inversão para comprovar ou não a validade desse<br />
argumento:<br />
81 Módulo 4 I Volume 2 <strong>EAD</strong>