Letras Vernáculas - EAD - Uesc
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Sintaxe da Língua Portuguesa<br />
Classes e Funções<br />
A preocupação com a classificação<br />
das palavras vem desde a Antiguidade.<br />
Conforme Azeredo (1995, p. 17),<br />
“Platão dividira a unidade do discurso,<br />
que ele intuíra no esforço de apreender<br />
os mecanismos de expressão<br />
do pensamento em dois componentes:<br />
ónoma (nome), e rhéma (verbo)”.<br />
Depois, Aristóteles acrescentou<br />
os syndesmoi (unidades gramaticais)<br />
e os estóicos propuseram separar<br />
as formas variáveis (pronomes e<br />
artigos) das invariáveis (conectivos e<br />
advérbios). Dionísio da Trácia, autor<br />
da primeira gramática da língua grega,<br />
a tekhné grammatiké, ampliou e<br />
sistematizou a distribuição das palavras<br />
em oito categorias: nome, verbo,<br />
conjunção, artigo, advérbio, preposição,<br />
pronome e particípio. Como<br />
você vê, foram essas categorias que<br />
serviram de base para a divisão que<br />
encontramos em nossas gramáticas<br />
tradicionais. Você deve se lembrar<br />
que, atualmente, são dez as classes<br />
gramaticais: substantivo, artigo, adjetivo,<br />
verbo, conjunção, advérbio,<br />
preposição, pronome, numeral e interjeição.<br />
A propósito da classificação, Perini<br />
(2005, p. 39) afirma:<br />
Grande parte do labor científico<br />
consiste em classificar entidades<br />
e elaborar justificativas para essa<br />
classificação. A ciência não se<br />
limita a isso, evidentemente: uma<br />
ciência é muito mais que uma<br />
classificação de objetos. Mas, em<br />
geral, depende de classificações,<br />
até mesmo para possibilitar o<br />
diálogo entre os cientistas.<br />
Para entender um pouco mais<br />
sobre a classificação de palavras,<br />
recomendo a leitura do ensaio “O<br />
adjetivo e o ornitorrinco: dilemas<br />
da classificação das palavras” de<br />
Perini (2005), publicado no seu livro<br />
Sofrendo a gramática.<br />
2 A IMPORTÂNCIA DA CLASSIFICAÇÃO DAS<br />
PALAVRAS<br />
Em qualquer ciência, em qualquer tipo de descrição,<br />
a classificação (dos objetos, das coisas, dos seres,<br />
das entidades, das ações, das características etc.) é uma<br />
propriedade necessária e muito importante, pois é, a partir<br />
dela, que podemos nos referir aos objetos de nossos<br />
estudos.<br />
Para entender o que estamos falando, vamos a<br />
um exemplo prático!<br />
Atualmente, você faz parte de um meio acadêmico,<br />
onde se encontram várias pessoas exercendo funções<br />
diferenciadas: reitor, pró-reitor, chefe de departamento,<br />
coordenador de colegiado, professor conteudista, professor<br />
formador, tutor, aluno, por exemplo. Como falar<br />
dessas pessoas se não recorrermos a esses nomes específicos?<br />
Ou seja, é por meio dessas nomeações (feitas,<br />
por exemplo, a partir das funções desempenhadas) que<br />
podemos falar de cada uma delas.<br />
Com a linguagem, também não é diferente! Ao<br />
lidarmos com a estrutura de uma língua, seja em qual<br />
nível for, há necessidade de recorrermos a um grande<br />
número de categorias para, de fato, podermos falar da<br />
língua. Como você já sabe, no nível da sintaxe, falamos<br />
em: sujeito, predicado, predicativo, objeto... no nível da<br />
morfologia, falamos em: substantivo, verbo, adjetivo,<br />
pronome, preposição... Você percebe que, sem essas nomeações,<br />
não temos como falar da língua? Como você se<br />
referiria a uma palavra como “estudar” se não houvesse<br />
a palavra verbo? Como se referiria a “estudante”, se não<br />
houvesse a palavra substantivo?<br />
Classificamos as palavras para podermos falar delas<br />
com um mínimo de economia. A propósito disso, Perini<br />
(2008, p. 79-80) exemplifica:<br />
Nenhum sistema de conhecimento<br />
pode funcionar sem um subsistema de<br />
categorização. Uma razão para isso é que<br />
o mundo é complexo demais para caber<br />
literalmente na memória de uma criatura.<br />
Eu, no momento, estou sentado em um<br />
objeto que chamo de cadeira, e há outras<br />
cadeiras pela casa, no meu gabinete<br />
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