Letras Vernáculas - EAD - Uesc
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Sintaxe da Língua Portuguesa<br />
Os Sintagmas: tipos e propriedades<br />
minal (objeto direto); em 9e, de dois sintagmas: um preposicional e<br />
um nominal (objeto indireto); em 9f, de sintagma nominal e sintagma<br />
preposicional e nominal (objetos direto e indireto); em 9g, é seguido<br />
por um sintagma adjetival (predicativo); e, por fim, em 9h, de um<br />
advérbio na posição pré-verbal e o adjetivo, na pós-verbal.<br />
2.3 O sintagma adjetival<br />
O sintagma adjetival (SAdj) tem como núcleo<br />
um Adjetivo (Adj), que, do mesmo modo que<br />
os outros sintagmas, pode vir ou não acompanhado<br />
de outros elementos. Observe 10:<br />
(10) a. O livro é [interessante].<br />
b. O livro é [muito interessante].<br />
c. Comprei [um livro novo].<br />
d. [A blusa azul] rasgou.<br />
Com exceção de 10a, onde o adjetivo<br />
ocorre sozinho (lembre-se que, na perspectiva<br />
tradicional, temos aí o adjetivo em sua função<br />
predicativa), nos outros exemplos o núcleo adjetival<br />
forma unidade com outros elementos. Note<br />
que, diferentemente de 10b, onde ele é modificado<br />
pelo advérbio, em 10c e 10d, ele funciona<br />
como um modificador de um sintagma nominal.<br />
Portanto, como você vê, a ideia de modificação<br />
não se aplica apenas a advérbio (como pressupõe<br />
a descrição tradicional quando define o advérbio),<br />
mas também a adjetivo.<br />
2.4 O sintagma preposicional<br />
Basicamente, o sintagma preposicional<br />
(Sprep) é constituído de uma Preposição (Prep)<br />
seguida de um sintagma nominal. Veja os exemplos<br />
abaixo:<br />
(11) a. João gosta [de doce].<br />
b. Maria enviou flores [para o namorado].<br />
Sobre a estrutura interna de um sintagma adjetival,<br />
vale destacar que, em alguns casos, o<br />
adjetivo não pode trocar de posição sem afetar<br />
a unidade do sintagma. Veja os contrastes<br />
abaixo:<br />
a. Um relógio bom<br />
b. Um bom relógio<br />
c. Um professor mau<br />
d. Um mau professor<br />
e. Um relógio japonês<br />
f. * Um japonês relógio<br />
g. Um vinho francês<br />
h. *Um francês vinho<br />
Você notou que adjetivos como “bom” e “mau”<br />
são diferentes de “japonês” e “francês” em relação<br />
aos posicionamentos? Essas diferenças,<br />
segundo Perini (2006), são decorrentes da natureza<br />
semântica desses adjetivos. Veja a explicação<br />
dada pelo autor:<br />
Uma diferença bastante evidente é que<br />
bom exprime uma qualidade, e pode ser<br />
modificado por um intensificador: um relógio<br />
muito bom, um relógio não muito bom<br />
(...) Por outro lado, japonês não exprime<br />
uma qualidade, mas antes a proveniência<br />
(...) é também bem mais difícil intensificar<br />
esse nominal: ?? um relógio muito japonês,<br />
?? um relógio mais japonês do que o<br />
meu etc. são bastante esquisitos (p.88).<br />
A mesma explicação também serve para os<br />
adjetivos “mau” e “francês”. Esses adjetivos<br />
funcionam como restritivos; porém, um restritivo<br />
com significado de proveniência só pode<br />
ocorrer depois do sintagma nominal com o qual<br />
forma unidade. Portanto, em alguns casos, as<br />
condições de posicionamento do adjetivo em<br />
relação ao sintagma nominal são definidas em<br />
termos de forma/significado.<br />
151 Módulo 4 I Volume 2 <strong>EAD</strong>