Letras Vernáculas - EAD - Uesc
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Sintaxe da Língua Portuguesa<br />
Gramática Gerativa: fundamentos básicos de um modelo chamado de principios e parâmetros<br />
variação entre as diferentes línguas, mas tem ao<br />
mesmo tempo de possuir a rigidez necessária para<br />
explicar as propriedades altamente específicas que<br />
caracterizam o conhecimento final dos falantes.<br />
Ou seja, a diversidade linguística constituiria, em princípio,<br />
num contra-exemplo para a ideia de uma GU. No entanto, para<br />
acomodar a diversidade, o autor reformula a concepção no sentido<br />
de mostrar que o sistema da GU deve ser flexível para permitir a<br />
variação, mas, ao mesmo tempo, deve ser rígido para dar conta das<br />
propriedades comuns das línguas.<br />
Denominado de princípios e parâmetros, nesse novo modelo<br />
Chomsky (1981) passa a conceber a GU não mais como um<br />
conjunto de regras, mas um conjunto de princípios e parâmetros.<br />
Os primeiros são concebidos como “leis” invariantes que se aplicam<br />
da mesma forma em todas as línguas naturais; os segundos, propriedades<br />
ou conjunto de propriedades que possuem valores binários<br />
(positivo ou negativo), responsáveis pelas diferenças entre as<br />
línguas. A opção por um dado valor do parâmetro depende da língua<br />
particular a que a criança está sendo exposta. “Adquirir o conhecimento<br />
de uma língua consiste, fundamentalmente, em atribuir os<br />
valores estabelecidos por essa determinada língua aos parâmetros<br />
da Gramática Universal” (NEGRÃO et al. 2003, p. 97).<br />
Nas seções, a seguir, você compreenderá melhor essas duas<br />
noções.<br />
2.1 A noção de princípio<br />
Pela definição dada acima, você viu que “princípio” é uma<br />
lei invariável, que se aplica em todas as línguas. Uma sentença que<br />
não atende a um princípio é agramatical em qualquer língua. Para<br />
ilustrar isso, analisemos os contrastes abaixo:<br />
(1) a. João disse que ele gosta de Maria.<br />
i i<br />
b.* Ele disse que João gosta de Maria.<br />
i i<br />
(2) a. John said that he likes Mary.<br />
i i<br />
b. *He said that John likes Mary<br />
i i<br />
Você deve se lembrar que, na aula anterior, falamos rapidamente<br />
de 1. Lembra? Os índices subscritos servem para mostrar<br />
que os elementos destacados se referem à mesma pessoa. Essa<br />
Esse modelo também é<br />
conhecido como Teoria da<br />
Regência e Ligação, que,<br />
conforme Raposo (1992),<br />
é considerado uma das<br />
obras-macro da linguística<br />
moderna. Nele, o autor<br />
preconiza a ideia de que a<br />
Gramática é modular, isto<br />
é, composta por módulos<br />
ou componentes que são<br />
autônomos, cada um com<br />
uma organização e princípios<br />
independentes. No<br />
modelo, esses módulos<br />
são tratados como subteorias.<br />
Para entender o que<br />
estou falando, recomendo<br />
que, se você tiver interesse<br />
em aprofundar esses<br />
conhecimentos, leia o livro<br />
de Mioto et al. (1999).<br />
Esses autores apresentam<br />
cinco subteorias (Teoria<br />
X-Barra, Teoria Temática,<br />
Teoria do Caso, Teoria da<br />
Vinculação e a Teoria do<br />
Movimento) que explicam<br />
o funcionamento de módulos<br />
específicos desse<br />
sistema denominado de<br />
Gramática.<br />
111 Módulo 4 I Volume 2 <strong>EAD</strong>