02.08.2013 Views

miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm - Fundação Biblioteca ...

miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm - Fundação Biblioteca ...

miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm - Fundação Biblioteca ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>miolo</strong> <strong>anais</strong> <strong>final</strong> <strong>25cm</strong>:<strong>miolo</strong> <strong>anais</strong> <strong>final</strong> <strong>25cm</strong> 3/22/07 3:27 PM Page 116<br />

116<br />

Para Arthur Ramos, a integração do negro à<br />

vida nacional já era um fato: ilustração do livro<br />

Intro du ção à antropologia brasileira. [S.l.], 1947.<br />

nossa filosofia humanista é de singular<br />

cordialidade.” Para não ser con -<br />

fun dido com um nacionalista con ven -<br />

cio nal, ele acrescentou, porém, uma<br />

observação reve la dora: “Mas note-se<br />

que estou falando a linguagem não de<br />

um mero nacionalis mo político, mas<br />

de um nacionalismo cultural”. E perguntava,<br />

retoricamente: “Vocês não<br />

acham que seria interessante ‘julgar’<br />

os povos da terra através de nossa pró -<br />

pria cultura e não através da cultura<br />

francesa, inglesa ou alemã?” 27<br />

Paralelamente à sua exaltação da<br />

harmonia racial-cultural brasileira, Ra -<br />

mos se tornava cada vez mais crítico da<br />

herança colonial do país e se distancia -<br />

va do estereótipo do negro como essencialmente<br />

atrasado, dissociando mais<br />

explicitamente raça de cultura. 28 A ale -<br />

ga da inferioridade do africano, que ha -<br />

via produzido o cha mado “complexo<br />

do passado africa no”, era, na verdade,<br />

segundo ele, um produto da escravidão<br />

que havia des truí do a cultura dos afri -<br />

ca nos e mutilado suas personalidades. 29 O estudo do negro no Brasil era fundamen -<br />

tal, insistia ele em 1939, “porque o negro está ‘dentro’ da nossa vida nacional; ele se<br />

integrou, não como um elemento estrangeiro, mas como um pars magna. Será<br />

necessário insis tir que é essencial conhecê-lo para que sejamos capazes de conhecermos<br />

a nós mesmos como um povo, como uma nação”? 30 A base de qualquer identidade<br />

nacional era um patrimônio cultural comum, fosse ele original ou produto de um<br />

“mosaico histórico” composto por contribuições de culturas diferentes.<br />

Quando Casa-grande e senzala, de Gilberto Freyre, apareceu em 1933, antecipando<br />

a formulação de Ramos de harmonia racial, sua mensagem conciliatória<br />

foi inicialmente recebida como uma corajosa proclamação de fé no Brasil, seus<br />

mulatos, seus negros. 31 Ramos concordava com Freyre na atenção especial que a<br />

escravidão exigia, como um momento crucial na formação da singularidade racialcultural<br />

brasileira. 32 Mas, ao <strong>final</strong> dos anos 30, seus caminhos divergiram. Ramos<br />

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!