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miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm - Fundação Biblioteca ...

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<strong>miolo</strong> <strong>anais</strong> <strong>final</strong> <strong>25cm</strong>:<strong>miolo</strong> <strong>anais</strong> <strong>final</strong> <strong>25cm</strong> 3/22/07 3:27 PM Page 146<br />

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rito. Eu, que tinha saído da zona suburbana, na faculdade não podia entrar de<br />

camisa, tinha que vestir terno e gravata. Naquele tempo, a gente usava terno e<br />

gravata para assistir às aulas; e estava lá o professor Arthur Ramos. Só assisti aulas<br />

dele durante o primeiro ano; o segundo e terceiro foram dados já pela assistente,<br />

aulas de etnologia e etnografia. Ramos dava antropologia física e cultural, e eram<br />

duas horas de aula direto.<br />

A juventude da época estava voltada mais para a Faculdade Nacional de Fi lo -<br />

sofia, depois da antiga UDF. A diferença é que a UDF formava professores do<br />

Estado. Eu não fui para o Estado porque já era da Nacional, então, quando saí, fui<br />

trabalhar em outros colégios. Naquela época, depois de Santiago Dantas, já havia<br />

uma política de o aluno poder entrar na faculdade sem o vestibular. Entrava como<br />

ouvinte e fazia vestibular depois de três, quatro anos. Eu não, fiz vestibular, passei<br />

pela banca examinadora, inclusive o Celso Cunha me examinou em português,<br />

passei por essa fase. Já peguei um período em que, na faculdade, a minha turma<br />

era pequena, a turma anterior era maior. A procura já diminuía um pouco. E o que<br />

aprendi durante as aulas do professor Arthur Ramos? Que ele adotava uma biblio -<br />

grafia vastíssima. Antes de começar, ele lançava aquela biblio grafia do exterior.<br />

Na época, não se dizia sociólogo, era sociologista ou, então, antropologista.<br />

O camarada era sociologista ou antropologista. Observei também que entre o<br />

grupo de professores havia uma competição muito grande, eles realmente compe -<br />

tiam. Josué de Castro, que era professor de geografia, competia com antropologia,<br />

achava que não estava direito aquela relação entre geografia humana e<br />

antropologia. Eu me lembro muito bem que, em um dos trabalhos que fiz para<br />

o Josué de Castro, coloquei uma introdução do sociólogo de Pernambuco, Gilberto<br />

Freyre. Ele não gostou, me deu até nota baixa. Aí está uma lembrança da faculdade:<br />

havia essa competição entre os professores.<br />

Na minha época, fui aluno de quem? Delgado de Carvalho em geografia, que<br />

vinha da Europa, grande conhecedor. Fui aluno dos franceses que vieram no pósguerra,<br />

fui aluno do Rolland, conheci Pierre Monbeig, em São Paulo. Pierre<br />

Monbeig disse até uma coisa que nunca esqueci: que São Paulo crescia para cima<br />

e o Rio de Janeiro para baixo, por causa dos viadutos e dos túneis. Isso é idéia<br />

do Pierre Monbeig, lá em São Paulo.<br />

Assim que entrei, Artur Ramos me deu logo uma noção interessante: ele não<br />

admitia que se falasse em raça, tinha que ser etnia. O termo era étnico. Raça bran -<br />

ca, não. Tinha que ser etnia. E, também, uma coisa interessante que aprendi, apesar<br />

de não ter nada para ser associado, é que ele batia muito na questão de patrimônio<br />

cultural. Ele achava que a cor não influenciava. Era o patrimônio cultural de uma<br />

civilização que influenciava. Nisso ele insistia muito, isso ele me passou bem.<br />

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119

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