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miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm - Fundação Biblioteca ...

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<strong>miolo</strong> <strong>anais</strong> <strong>final</strong> <strong>25cm</strong>:<strong>miolo</strong> <strong>anais</strong> <strong>final</strong> <strong>25cm</strong> 3/22/07 3:26 PM Page 70<br />

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Vários estudos recentes têm focalizado seja o caráter transnacional, seja a comple -<br />

xidade política das intenções e projetos que orientaram um grupo de inte lectuais<br />

em direção à formulação de um objeto de atenção cujas fronteiras, simul ta nea -<br />

men te, ultrapassam e se misturam àquelas comumente erigidas na representação<br />

da nação (Trouillot, 1992; Yelvington, 1999, 2001; Palmié, 1998, 2002; Cunha,<br />

2002). Na formulação de uma antropologia do “Negro no Novo Mundo” (New<br />

World Negro), projetos disciplinares e políticos estiveram em diálogo. Embora as<br />

instigantes análises de Walter Jackson (1986) e David Scott (1991) tenham limi -<br />

tado o estudo dessa imbricação ao contexto norte-americano nos anos 1920 e<br />

30, há muito que se investigar acerca de processos anteriores já em curso em alguns<br />

países latino-americanos, nos quais a influência da escola boasiana é mínima<br />

(como são o caso de Cuba e o Haiti), ou relevante somente a partir da segunda<br />

metade da década de 30 (Brasil). São diversos os embates políticos e os dilemas<br />

disciplinares transformam o “negro” em objeto de atenção no Brasil, em Cuba e no<br />

Haiti. Devemos nos perguntar sobre as operações e discursos que subordina ram<br />

essa pluralidade de abordagens em torno de um objeto que envolvia proble mas<br />

de ordem política e social de um lado, e teórica de outro, a um único e inexorá -<br />

vel processo de expansão da antropologia norte-americana no Caribe e na América<br />

Latina. Nesse sentido, a combinação de um certo humanismo nas práticas e nas<br />

idéias com um engajamento político dos alunos de Franz Boas em torno das no -<br />

ções de “raça” e “cultura” deve ser confrontado com outras trajetórias intelectuais<br />

similares em contextos pós-coloniais, enfocadas, quase sempre, por seus vínculos<br />

com projetos de reforma social e nacionalismo. Por esse caminho é possível refle -<br />

tirmos sobre os significados de viagens que visaram ampliar os horizontes do debate<br />

sobre o afro-americano a partir de uma perspectiva transnacional.<br />

As viagens de Fernando Ortiz à Europa, entre 1899 e 1903, e aos Estados Uni -<br />

dos em 1931-1933, por exemplo, fornecem balizadores fundamentais para compreendermos<br />

sua trajetória intelectual e sua leitura racializada de Cuba, re pre -<br />

sentada através da metáfora do ajiaco. Da mesma forma, a compreensão acer ca<br />

das primeiras pesquisas de Melville Herskovits no Suriname, em 1928, é funda -<br />

men tal na observação de como suas leituras de noções como cultura e história<br />

permitiram a confecção de uma inusitada cartografia afro-americana (Ortiz, 1944;<br />

Coronil, 1995; Palmié, 1998). 17 Os exemplos de Ortiz e Herskovits, todavia,<br />

visam representar movimentos paradigmáticos e quase simétricos. De um lado,<br />

o intelectual cubano que se nutre de idéias, teorias, métodos e perspectivas cientí -<br />

ficas na Europa e nos Estados Unidos e, a partir dessas viagens, é capaz de repensar<br />

sua própria forma de conceber um objeto diante do qual se posiciona dema sia -<br />

damente próximo: a nação. Nesse caso, a viagem parece ter produzido uma expe -<br />

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119

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