02.08.2013 Views

miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm - Fundação Biblioteca ...

miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm - Fundação Biblioteca ...

miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm - Fundação Biblioteca ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>miolo</strong> <strong>anais</strong> <strong>final</strong> <strong>25cm</strong>:<strong>miolo</strong> <strong>anais</strong> <strong>final</strong> <strong>25cm</strong> 3/22/07 3:26 PM Page 6<br />

6<br />

baseado na miscigenação e no intenso intercâmbio de culturas, o que acentua ria<br />

a necessidade de estudá-las e compreendê-las.<br />

Em “Cartas marcadas: Arthur Ramos e o campo das relações raciais no <strong>final</strong><br />

dos anos 30”, Marisa Corrêa debate os principais conflitos teóricos (e pessoais)<br />

entre a norte-americana Ruth Landes – para quem, por exemplo, as religiões afrobrasileiras<br />

na Bahia estavam dominadas pelo princípio feminino, inclusive na<br />

figura dos homossexuais – e os de Arthur Ramos, “o padrinho dos estudos sobre<br />

o negro no Brasil”, segundo o qual “é o homem que domina a cena”, enquanto<br />

os casos de homossexualismo deviam ser vistos como “desvios sexuais indivi -<br />

duais”. A autora afirma que Ruth Landes foi a primeira pesquisadora a feminizar<br />

os cultos afro-brasileiros, tendo influído bastante para transformar a figura da<br />

baiana de “realidade intratável” em símbolo cultural.<br />

Verena Stolke, em “Brasil: uma nação vista através da vidraça da raça”, também<br />

trata das relações interétnicas, discorrendo sobre a participação de Arthur Ramos<br />

no desenvolvimento das investigações a respeito do tema. Crítico da herança<br />

colonial, que cristalizara a idéia de que o negro seria biologicamente atrasado, ele<br />

acreditava, no entanto, que o Brasil iria oferecer ao mundo um modelo de tole -<br />

rância e de cordialidade entre as etnias. A miscigenação biológica e cultural era<br />

para ele, segundo Stolke, uma das bases do nacionalismo cultural, então em plena<br />

formulação e que o faria aproximar-se de Mário de Andrade. Já Olívia Gomes<br />

da Cunha, em “Minha adorável lavadeira: uma etnografia mínima em torno do<br />

Edifício Tupi”, analisa os métodos de investigação adotados pelo médico que se<br />

converteu em antropólogo. Respaldada em ampla bibliografia teórica e no exa -<br />

me detido do arquivo de Ramos, ela trata particularmente dos procedimentos<br />

adotados por ele nas pesquisas de campo, como sua rede heterodoxa de informan -<br />

tes, constituída por lavadeiras, porteiros, faxineiros e membros de terreiros espíritas,<br />

ou ainda o hábito de transformar suas viagens em situações de observação<br />

especializada.<br />

Ao <strong>final</strong>, a mesa-redonda organizada por Luitgarde Cavalcanti Barros, com a<br />

participação de dois ex-alunos de Arthur Ramos, o geógrafo Orlando Valverde e<br />

o ex-chefe da Divisão de Manuscritos da <strong>Biblioteca</strong> Nacional, Waldir da Cunha,<br />

apresenta aspectos da trajetória profissional de Ramos, como a publicação do seu<br />

primeiro livro, um estudo sobre tradições afro-brasileiras, escrito aos 19 anos,<br />

quando ainda era estudante de medicina; a convivência com Nise da Silveira,<br />

Josué de Castro, Théo de Barros, Anísio Teixeira, Tales de Azevedo, Édson<br />

Carneiro; o fato de ter sido um autodidata em ciências sociais que trabalhou por<br />

sua institucionalização no Brasil e divulgação no exterior; a criação da Sociedade<br />

Brasileira de Antropologia e Etnografia, ou ainda as perseguições policiais do<br />

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!