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miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm - Fundação Biblioteca ...

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<strong>miolo</strong> <strong>anais</strong> <strong>final</strong> <strong>25cm</strong>:<strong>miolo</strong> <strong>anais</strong> <strong>final</strong> <strong>25cm</strong> 3/22/07 3:26 PM Page 71<br />

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riência salutar, a de buscar objetividade e distanciamento. São ferramentas supos -<br />

tamente necessárias e que matizam o estigma de interpretações (des)qualificadas<br />

como provincianas, locais e nativas. De outro, teríamos um movimento inverso.<br />

Um intelectual norte-americano amplia as fronteiras de um debate político crucial<br />

para o desenvolvimento da disciplina nos Estados Unidos. Por meio de pesquisa<br />

de campo e escrita etnográfica – experiências qualitativamente distintas da via -<br />

gem-exílio ou viagem de estudos, modalidades de deslocamento que caracterizam,<br />

a partir de então, as viagens de intelectuais latino-americanos e caribenhos<br />

à Europa e aos Estados Unidos – confere aos seus nada próximos objetos um olhar<br />

científico com o qual é possível creditar-lhes uma história e cultura (Jackson,<br />

1987; Baker, 1998; Yelvington, 1999). A caracterização um tanto redutora dessas<br />

duas modalidades de deslocamento visa apenas sinalizar o seu pertencimento a<br />

uma arena complexa de discussões sobre poder e autoridade intelectual que vem<br />

percorrendo várias áreas da disciplina nas últimas décadas. E, embora esse texto<br />

não seja o lugar para analisarmos as experiências e envolvimentos de Ortiz e<br />

Herskovits em distintos trajetos e diálogos transnacionais, há muito que se inves -<br />

tigar acerca do que aparenta movimentos de aquisição de conhecimento unilate -<br />

r ais. Tanto essas posições não são fixas quanto as rotas e lugares onde tais transfor -<br />

mações foram produzidas podem ser reconfiguradas (Mintz, 1998; Gupta &<br />

Ferguson, 1997; Rosberry, 1998; Clifford, 1997).<br />

Num movimento singular, a leitura que Eric Williams fez sobre uma agenda<br />

de estudos afro-americanos no início dos anos 1940, momento em que se insi -<br />

nuava fortemente inspirada nas proposições de Herskovits, pode ser citada como<br />

uma possibilidade distinta e alternativa. Num encontro patrocinado por agências<br />

governamentais e privadas norte-americanas em Washington em 1941, no<br />

qual o destino dos recursos de pesquisa e objetivos dos então chamados negro<br />

studies deveriam ser definidos, Williams explicitava sua visão tomando a história<br />

das populações afro-caribenhas como exemplo. Sugeria existirem outras implica -<br />

ções, nitidamente políticas, na definição de seu foco, prioridade e cartografia. No<br />

seu entender, as pesquisas sobre os afro-americanos em regiões como o Caribe não<br />

deveriam limitar-se à coleta de artefatos e contos de exóticas e isoladas popula -<br />

ções de ex-escravos. Ao contrário, deveriam debruçar-se sobre as experiências<br />

vivenciadas no período da pós-emancipação, justamente quando se mostravam<br />

imersas em processos de dominação e discriminação raciais. Para Williams, as relações<br />

entre raça e colonialismo no Caribe só poderiam ser apreendidas se vistas<br />

como parte de um processo contínuo de deslocamento histórico e geográfico capaz<br />

de reconfigurar o lugar da Europa num campo de discussões e perspectivas<br />

intelectuais hegemonicamente norte-americanas (Williams, 1941; Trouillot,<br />

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119

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