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miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm - Fundação Biblioteca ...

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<strong>miolo</strong> <strong>anais</strong> <strong>final</strong> <strong>25cm</strong>:<strong>miolo</strong> <strong>anais</strong> <strong>final</strong> <strong>25cm</strong> 3/22/07 3:26 PM Page 33<br />

33<br />

Em sua perspectiva, “só depois de realizadas séries inteiras de pes quisas desta ordem,<br />

poderemos nos aventurar a propor ‘interpretações’ do Brasil, ensaios de conjun -<br />

to ou planos normativos de ação, até agora reservados aos estudos impressionistas<br />

que podem ser muito interessantes, mas conduzem a generalizações apressadas e<br />

perigosas. (...) Do ponto de vista antropológico, não há uma ‘cultura’ brasileira, mas<br />

‘culturas’ que só agora começam a ser estudadas e compreendidas. Ainda é cedo,<br />

portanto, para indagarmos do ‘caráter nacional’ do seu ethos, em visões generaliza -<br />

doras que lancem mão do critério histórico ou social”. 12<br />

No <strong>final</strong> dos anos 1940, Arthur Ramos já colocava em questão a ensaística<br />

das consagradas chaves explicativas sobre o Brasil elaboradas nos anos 1920 e<br />

1930. Assim, Arthur Ramos indagava-se a respeito da existência de uma visão<br />

uníssona sobre o Brasil e, por conseguinte, questionava sua própria interpretação<br />

anterior sobre o “laboratório de civilização”, isto é, “a solução mais científica e<br />

mais humana para o problema, tão agudo entre outros povos, da mistura de raças<br />

e culturas”. 13<br />

Sem dúvida, uma das razões que motivou Arthur Ramos a aceitar o convite<br />

para assumir a direção do Departamento de Ciências Sociais da Unesco foi a possibilidade<br />

de fortalecer institucionalmente o Departamento de Ciências Sociais<br />

da Faculdade Nacional de Filosofia (FNFi), especialmente no campo da pesquisa.<br />

Na fase de elaboração do programa de 1951 do Departamento de Ciências Sociais<br />

da Unesco, a ser aprovado na Conferência de Florença, em 1950, afirmava em<br />

carta ao então reitor da Universidade do Brasil (atual UFRJ), Pedro Calmon, que<br />

“a nossa maior oportunidade virá com a apresentação dos nossos programas à<br />

Conferência de Florença, em maio do ano próximo. Tenho grandes planos que<br />

já fiz ver ao nosso eminente amigo, ministro (Clemente) Mariani, para o estudo<br />

dos grupos não mecanizados e os problemas conseguintes da assimilação e aculturação<br />

que eles apresentam para a sua integração ao mundo moderno. Se este<br />

plano for aprovado, teremos uma possibilidade enorme de estudar nossos grupos<br />

negro e indígena em seus contatos com as culturas dominantes, dentro dos<br />

pontos de vista que tantas vezes tenho defendido em meus cursos e meus trabalhos<br />

escritos”. 14<br />

Em tempos de frágil institucionalização das ciências sociais no Rio de Janeiro,<br />

Arthur Ramos, indo além, como intelectual convencido da importância do com -<br />

pro misso social das ciências sociais, concebia sua inserção na Unesco como a possibilidade<br />

de aproximação de uma coletividade de cientistas sociais das demandas<br />

das classes subalternas na sociedade brasileira. A Unesco seria um agente catalisa -<br />

dor. A “antropologia de intervenção”, preconizada por Ramos, utilizou conceitos<br />

atualmente discutíveis, como “assimilação”, “aculturação” e “integração”. Parece<br />

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119

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