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miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm - Fundação Biblioteca ...

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<strong>miolo</strong> <strong>anais</strong> <strong>final</strong> <strong>25cm</strong>:<strong>miolo</strong> <strong>anais</strong> <strong>final</strong> <strong>25cm</strong> 3/22/07 3:27 PM Page 93<br />

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ponto, Arthur Ramos compartilha com outros autores que trabalharam com os<br />

temas afro-americanos, nos anos 1930 e 1940, um mesmo olhar sensivelmente<br />

direcionado à detecção da diferença cultural, cujos contornos são fortemente marcados<br />

por representações de “raça”e gênero. Essa sinalização é, por exemplo,<br />

ressaltada na pesquisa de Donald Pierson, na Bahia, entre 1934 e 1937 (1942).<br />

Ruth Landes, embora operando com pressupostos distintos, realça as fronteiras<br />

desses dois domínios e os lugares que ocupam na vida cotidiana dos terreiros de<br />

candomblé (1947 (2002); Cole, 1994, 1995; Corrêa, 2000). Edward Franklin<br />

Fra zier, por sua vez, entrevista mulheres jovens, moradoras dos arredores do<br />

Gantois entre 1940 e 1941. Nas suas notas de campo, é o contato com as mulhe -<br />

res e as suas interpretações sobre experiências conjugais e familiares que lhe for -<br />

necem subsídios para o seu tenso diálogo com Melville Herskovits (1943).<br />

No caminho de volta ao Brasil, Ramos ensaiou um diário de bordo. Tentava<br />

lembrar-se do que chamava misunderstandings on Brazil: sua localização impreci -<br />

sa, o fato da sua capital situar-se em Buenos Aires e dos brasileiros falarem espa -<br />

nhol. Também rascunhou pequenas notas sobre personagens e lugares sulinos:<br />

Mr. Ducan, Sue, Baton Rouge e suas visões sobre um rio parecido com o São Fran -<br />

cisco – o Mississípi. Estranho mapa, dr. Ramos. No mesmo ano publicaria um texto<br />

gestado e maturado em terra estrangeira: The Scientific Basis of Pan Americanism<br />

(1941). Ramos acreditava ser necessário investir em explicações e fundamentos<br />

científicos, no que então imaginava explícito unicamente através de um “sentimento”<br />

ou de “laços políticos”: o pan-americanismo. Por vezes aludido como<br />

sinônimo de “culturas americanas”, o pan-americanismo seria mais do que uma<br />

ideologia e teria, a seu ver, uma interpretação histórica e cultural a ser investigada.<br />

“Existe uma cultura do Novo Mundo, existe um ‘americanismo’ que vai além do<br />

significado político.” Similares, “configuração física”, “pré-história”, “história” e<br />

“sombra negra” (shadow of negro, p. 31) perpassariam as três Américas, caracterizan -<br />

do-as como uma única área cultural. Por essa via seria possível entender as proximi -<br />

dades que ele encontrara entre o Mississípi e (o São Francisco) o rio Paraíba:<br />

“O negro foi trazido para as Américas para suprir a força de trabalho escravo nos<br />

campos e minas. A presença dele constitui um daqueles denominadores comuns<br />

que dá uniformidade às culturas americanas. O escravo negro no vale do Mississípi<br />

é o mesmo negro escravo do vale do rio Paraíba. A mesma voz, as mesmas canções,<br />

a mesma fisionomia e a mesma história” (1941b: 31).<br />

Sua cartografia generosa teria implicações futuras. A possibilidade dos arredores<br />

do Edifício Tupi serem compreendidos como uma microrregião de um território<br />

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119

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