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miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm - Fundação Biblioteca ...

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<strong>miolo</strong> <strong>anais</strong> <strong>final</strong> <strong>25cm</strong>:<strong>miolo</strong> <strong>anais</strong> <strong>final</strong> <strong>25cm</strong> 3/22/07 3:27 PM Page 129<br />

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terceira classe, já comentado em tradução, e lancei um ensaio tremendo, o meu<br />

primeiro ensaio, intitulado A Literatura Moderna e a Doutrina de Freud, que<br />

saiu flamejante na Revista de Pernambuco. Senti-me um igual e, no ano seguinte,<br />

passei a ir ao cinema junto com ‘mestre Ramos’.”<br />

Esse era o jovem Ramos visto pelos seus contemporâneos, estudantes como<br />

ele. O dr. Téo Brandão contava sempre sobre o cuidado que Arthur Ramos ti -<br />

nha com os alunos mais novos, os calouros. Ele os levava para a sua república e<br />

fazia verdadeiras preleções, e o dr. Teo se achava formado por uma delas. Arthur<br />

Ramos dizia sempre que era o médico, pela sua capacidade, pela sua condição,<br />

pelo seu privilégio de adentrar todas as famílias, responsável pelo registro dos<br />

fenômenos mais importantes que ocorriam com o homem e com a cultura. Ainda<br />

estudante, dizia que cada médico tinha a obrigação de registrar no diário tudo o<br />

que fosse observado, não só as doenças da população que ele ia tratar, mas as suas<br />

crenças, seus mitos, seus rituais, suas festas, os símbolos respeitados. Dessa maneira,<br />

cada médico teria que ser um etnógrafo. Já era essa a palavra dele, como estudante.<br />

Cada médico tinha a obrigação de ser um etnógrafo. E quando Ramos<br />

voltava de férias em Alagoas, ele era um etnógrafo.<br />

Esses artigos que escreveu ainda jovem, sem nenhuma formação em ciências<br />

sociais, embora tenha aquele em que fala também de sociologia, eram de um autodidata<br />

de 19, 20, 25 anos. Quando ele se forma, vocês estão vendo aqui, já<br />

publicava livros sobre Freud. Na exposição há um cartão de Freud para ele. Nesse<br />

tempo, ele já mantinha essa correspondência em alemão. Era esse o perfil que ele<br />

tinha quando ganha o respeito dos maiores intelectuais da Bahia. Vinte anos<br />

antes, Afrânio Peixoto tinha saído da Bahia, e volta a Salvador – isso está re gis -<br />

tra do por Costa Pinto e em cartas do próprio Afrânio. Na homenagem que rece -<br />

beu, o discurso que mais o comoveu foi o de Arthur Ramos, que falou como re -<br />

pre sentante dos estudantes. Isso criou uma amizade que levou Afrânio Peixoto,<br />

até os últimos anos da sua vida, a escrever as cartas mais carinhosas, inclusive<br />

agradecendo a Arthur Ramos por ser amigo dele, por ter existido e por estar percorrendo<br />

e aperfeiçoando tudo que Nina Rodrigues queria.<br />

Bem, esse trabalho de Arthur Ramos o levaria, claro, aos nomes mais importan -<br />

tes da época, como Anísio Teixeira e Tales de Azevedo, que foram seus contemporâneos.<br />

Segundo Afrânio Peixoto, os dois o apresentaram, no pedido para Ra mos<br />

ser professor da Universidade do Distrito Federal. Anísio Teixeira já o ti nha trazido<br />

para trabalhar, muito bem colocado, no Rio, e Ramos vai criar o primeiro serviço<br />

de puericultura e fazer um trabalho de acompanhamento escolar de psica nálise, de<br />

psiquiatria, de melhoria dos alunos e professores da rede pública de ensino do Distrito<br />

Federal. Esse Arthur Ramos intelectual é descrito, depois de sua morte, por exem-<br />

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119

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